Alerta

Volta do uso de máscaras 'passou da hora' em BH, diz infectologista

Casos de Covid dobraram em duas semanas na capital. Infectologista e epidemiologista Carlos Starling lembrou que é preciso achatar a curva no momento atual

Por Anderson Rocha
Publicado em 11 de novembro de 2022 | 21:35
 
 
 
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Membro do Comitê Científico de Covid-19 da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), entidade que defendeu, nesta sexta-feira (11), medidas importantes para o controle do aumento no número de casos da Covid-19 no país, o infectologista e epidemiologista Carlos Starling, que integrou o comitê municipal da doença na pior fase da pandemia, declarou que o município de Belo Horizonte já deveria estar recomendando a volta do uso de máscaras de proteção, sobretudo, em ambientes com aglomeração de pessoas, como escolas e no transporte público. Nas duas últimas semanas, o número de testes com resultados positivos para Covid-19 dobrou na capital, segundo a prefeitura.

“Parece que as pessoas se esqueceram do que aconteceu há pouco tempo. Quando, no início da pandemia, falávamos em achatar a dispersão de casos, achatar a curva, é isso que continua válido. Estamos diante de uma variante mais transmissível, com cobertura vacinal de quarta dose ainda muito baixa. Quem foi vacinado há mais de seis meses está suscetível de pegar (Covid) novamente”, declarou, lembrando que ações como a da PUC Minas - que sugeriu à comunidade acadêmica que retome a utilização da máscara - são necessárias para todos os colégios da capital.

Novo pico

Segundo ele, ainda é momento de “apenas” recomendar a utilização da máscara - ato ainda não levantado pela administração municipal. Já a data para uma retomada obrigatória do equipamento dependerá da capacidade de controle do aumento dos casos na fase inicial, que é registrada na cidade. “Se passar de 50 casos, 60 casos por 100 mil habitantes, já deveria obrigar. Dependendo da evolução, eu acho que, infelizmente, nós vamos ter um novo pico nas próximas semanas e meses”, afirmou Starling.

Escolas devem agir

Por fim, o especialista - que tem mais de 35 anos de carreira, e é referência nacional e internacional na área de infectologia, citou um artigo publicado nesta semana no periódico acadêmico The New England Journal of Medicine que mostra a relação de importância entre o fim do uso de máscaras por alunos em escolas e o aumento da transmissão da Covid na comunidade do entorno.

“Temos 700 mil pessoas frequentando atividades pedagógicas em BH, quatro horas por dia, cinco dias por semana. Isso significa muita gente próxima durante muito tempo, o que é um fator de risco para a transmissão viral. Quem nunca pegou uma gripe na escola? Então, eu acho que é mais do que necessário e está passando da hora de conter esse princípio de aumento de casos”, disse, sugerindo a retomada da recomendação das máscaras nas unidades educacionais.

Baixa incidência

Procurada nesta sexta-feira, a Prefeitura de BH informou que, até o momento, “a incidência de casos acumulados nos últimos 14 dias continua abaixo de 20 casos por 100 mil habitantes”. O Executivo municipal também declarou, em nota, que monitora sistematicamente os indicadores relacionados à pandemia, e que oferece testagem gratuitamente em vários pontos da cidade, com agendamento online.

Sobre a vacinação, a Secretaria Municipal de Saúde destacou “um contingente importante de pessoas com 40 anos e mais que não procuraram os postos de vacinação para a segunda dose de reforço (atualmente com cobertura vacinal de apenas 37,2% para esta dose) e as crianças de 3 a 4 anos de idade, em que somente 23,4% receberem a primeira dose da vacina”. Já para a imunização de pessoas com menos de 40 anos, explicou que é necessário o envio de novas remessas de vacinas pelo Ministério da Saúde.

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