Mercado de luxo

Consumo da classe alta de BH aumentou 18% neste ano

Topo da pirâmide social vai fechar 2019 tendo injetado R$ 18,79 bilhões na economia da capital

Por Tatiana Lagôa
Publicado em 15 de dezembro de 2019 | 03:08
 
 
 
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Enquanto 12 milhões de desempregados lutam para sobreviver, uma parcela de abastados do país amplia o consumo e motiva investimentos em diversos setores. Em Belo Horizonte, apenas 5% dos domicílios são de pessoas da classe A – com salário médio familiar mensal de R$ 23,3 mil. Essa camada mais alta da pirâmide vai fechar o ano tendo injetado R$ 18,79 bilhões na economia por meio do consumo. Ou seja, 22,6% de toda a compra realizada na capital terá sido feita por eles. Enquanto isso, os belo-horizontinos das classes D e E, que compõem uma população quatro vezes maior e ocupam 21,7% das residências na cidade, farão girar R$ 5,68 bilhões, apenas 6,8% dos R$ 82,9 bilhões totais que toda a população vai consumir neste ano.

Os dados da IPC Marketing, empresa especializada em análise de consumo no país, mostram ainda que os belo-horizontinos da classe A terão um consumo 18% maior do que em 2018 neste ano. Já os das classes C e D vão registrar um crescimento de 10%. “A classe A não depende só do emprego e consegue se beneficiar até em momentos de crise com investimentos. Já as classes mais baixas estão passando um ano muito apertado e usando o dinheiro para pagar o básico”, afirma o diretor da IPC, Marcos Pazzini.

É o que as joalherias têm sentido neste ano. A marca mineira Manoel Bernardes, por exemplo, viu reduzir a quase nada a presença da classe média nas lojas. “Diminuiu muito o número de pessoas que podiam se permitir a um consumo aspiracional. As pessoas estão medindo água e fubá”, avalia o proprietário da marca, Manoel Bernardes. Há dois anos, a joalheria chegou a criar uma coleção com preços mais acessíveis – com relógios a partir de R$ 700 – para conquistar novos clientes. Entretanto, atualmente, o que de fato está com as vendas estouradas são os relógios acima de R$ 15 mil. “Alguns produtos da marca Rolex estão indisponíveis no mercado mundial. Então, existe uma corrida para comprar esses produtos, porque é um público que quer essa exclusividade”, disse.

Da mesma forma, o emplacamento de carros importados de luxo cresceu 10,68% no acumulado de janeiro a outubro deste ano, ante o mesmo período de 2018, conforme a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa). Enquanto isso, as vendas de automóveis, incluindo os de entrada, subiram menos: 7,5%, segundo a Federação Nacional de Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave). 
“O que vemos no mercado são pessoas de classes menos abastadas tentando recuperar o emprego e pagar dívidas e pessoas com melhores condições financeiras preocupadas em consolidar posições. E para a classe A, o carro é sinônimo de destaque, por isso, precisa ser mais caro e completo”, explica o CEO da Universidade Automotiva da Aval Consultoria, Amos Lee Harris Junior.

 

Expansão no rastro da demanda 

As empresas com foco na classe A não só já saíram da crise como também já voltaram a investir. A marca mineira de roupas masculinas Zak, por exemplo, acaba de abrir a primeira unidade fora do Estado com um investimento em Jardins, um dos bairros mais caros de São Paulo. Enquanto o comércio da capital deve crescer 1,8% neste ano, segundo projeções da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), a Zak chegou a registrar altas de 30% em alguns meses, segundo o CEO da marca, Bruno Gomide. “O momento está tão positivo para a empresa que ela expandiu”, disse.

E a marca está cada vez mais elitizada. Se, até o ano passado, 60% dos clientes eram da classe A, e 40% da B, agora a taxa passou para 76% e 24%. O tíquete médio também subiu de R$ 450 para R$ 550. “O público classe A é formado, em sua maioria, por empresários e profissionais liberais. Eles estão confiantes na economia e se permitindo gastar mais”, explica Gomide.

 

Classe média aquece as vendas de veículos usados 

O mercado de veículos tem passado por uma mudança radical de foco. Segundo especialistas, os investimentos agora são voltados para carros mais imponentes, como os SUVs. Assim, carros novos se tornam cada vez mais aquisição para ricos. Já a classe média passa a conquistar o sonho de consumo em concessionárias de seminovos e usados, que veem os resultados crescerem. “As montadoras estão investindo em carros com maior valor agregado porque só quem tem recurso compra carro novo”, afirma o CEO da Universidade Automotiva da Aval Consultoria, Amos Lee Harris Junior.

Hoje, o veículo novo mais simples custa cerca de R$ 40 mil. 
Ao mesmo tempo, as vendas de veículos usados e seminovos subiram 8,4% de janeiro a novembro de 2019 comparado com o mesmo período de 2018, segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).

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