Imprevisto financeiro

Só quatro a cada dez brasileiros têm dinheiro para despesas de emergências

Estudo do SPC Brasil diz que capacidade do consumidor em administrar gastos inesperados é muito baixa

Por Queila Ariadne
Publicado em 19 de março de 2019 | 21:50
 
 
 
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De cada dez brasileiros, apenas quatro teriam condições de lidar com uma despesa inesperada, sem ter que recorrer a empréstimos ou ajuda financeira de amigos e parentes. Uma pesquisa feita pelo Sistema de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e com o Banco Central (BC), constatou que apenas 42% dos entrevistados conseguiriam arcar com um imprevisto financeiro equivalente ao valor do salário mensal.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o percentual de consumidores com capacidade para administrar despesas inesperadas é muito baixo. “O ideal é que todo mundo tivesse acesso a uma reserva de dinheiro. Especialmente porque ainda estamos enfrentando uma crise econômica e, nesse contexto, a questão da educação financeira ganha ainda mais importância”, avalia a economista.

Marcela ressalta que, quanto menor é a renda, maior é a necessidade de guardar um pouco. Apesar de ser contraditório, a economista explica que é importante ter um mínimo guardado. “Quando falamos em imprevisto, não existe distinção de classe social. Mas as classes mais ricas têm mais margem de manobra para cotar alguma despesa. Já as classes C, D e E têm mais dificuldade porque não têm onde mais cortar gasto. É muito difícil ter que pagar água, aluguel e luz, mas, exatamente por não terem essa margem tão flexível, é que essas classes deveriam ter ainda mais cuidado com a vida financeira”, afirma Marcela.

O auxiliar administrativo Gabriel Geja, 23, faz parte do grupo que não conseguiria arcar com uma despesa inesperada sem recorrer a um empréstimo. “A gente já trabalha com a reserva do salário. Então, se aparecesse algo inesperado do valor que eu recebo ia complicar, pois teria o dobro de despesa para pagar, sendo que já não tenho nem metade”, brinca Geja. 

Padrão de vida

De acordo com a pesquisa do SPC Brasil, em caso de algum imprevisto, como ficar desempregado, por exemplo, os brasileiros conseguiriam manter o mesmo padrão de vida por cinco meses. No caso das classes C, D e E, esse tempo seria ainda menor, de quatro meses e meio. Já para as classes A e B, subiria para quase sete meses. 

Considerando a média, 26,5% dos entrevistados disseram ser possível manter o padrão por entre um e três meses, enquanto apenas 9,5% disseram ser possível fazer isso por mais de um ano.

Ainda segundo o estudo, 47% dos entrevistados cortariam despesas desnecessárias, e 33% avaliariam quanto ganham e gastam, para depois decidir o que fazer. O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, ressalta que, em certas situações emergenciais, nem mesmo cortar gastos poderá ser suficiente.

“Constituir uma reserva financeira é fundamental em qualquer etapa da vida, pois imprevistos podem acontecer a qualquer momento. A dica é ter disciplina e fazer um esforço para começar, mesmo que seja com um valor pequeno; basta garantir que essa quantia não atrapalhe a gestão do orçamento mensal e o pagamento das despesas básicas”, afirma Vignoli. (Com agência)

Mais de um terço dos aposentados vai ter que trabalhar

Seis em cada dez brasileiros (59%) admitem não se preparar para o futuro. Pesquisa do Sistema de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que enquanto apenas 41% têm se preocupado com essa fase da vida. Quando a pergunta é como pretende se sustentar após se aposentar, 36,8% afirmam que pretendem continuar trabalhando.

Entre aqueles que não têm planos para o futuro, 36% alegam que não guardam porque não sobra dinheiro no orçamento, e 18% atribuem a ausência de um plano ao fato de estarem desempregados.

“Estima-se que a participação da população acima de 65 anos na sociedade brasileira passe dos atuais 9% para 25% em 2060, segundo projeções do IBGE. Será cada vez mais importante começar a pensar em uma complementação ainda jovem e não apenas quando se aproxima do momento de parar de trabalhar”, avalia a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

O estudo, que também é feito em parceria com o Banco Central e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), indica que 42% dos brasileiros entrevistados fazem algum tipo de investimento, mas 16% admitem que, na velhice, pretendem contar com ajuda dos cônjuges ou dos filhos. 

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