BRASÍLIA - O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (Psol) afirmou que sua aliança com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) nestas eleições se deve a uma mudança no país para unir campos políticos diferentes contra uma “extrema-direita”. Os dois têm histórico de antagonismo político.
Em 2012, Boulos chegou a ser detido em flagrante em uma operação coordenada pelo governo Alckmin, na época governador de São Paulo, para desocupação na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos. Ele foi solto no mesmo dia e o processo foi extinto sem que Boulos tivesse sido condenado.
A atual aproximação eleitoral entre Boulos e Alckmin acontece porque a candidata do PSB, Tabata Amaral, não avançou ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ela declarou apoio a Boulos após o resultado do primeiro turno.
“O que mudou não foram as personalidades das pessoas, nem a minha e nem a dele. O que mudou foi o Brasil. Nesse meio tempo surgiu um campo político de extrema-direita marcado pelo ódio, pela violência, e que fez com que setores que pensam diferente se unam para poder enfrentar esse campo. Isso esteve em jogo na eleição passada e está em jogo novamente nessa eleição”, disse Boulos.
A fala foi feita nesta quinta-feira (10), no primeiro debate da campanha ao segundo turno. A transmissão foi promovida pelos jornais Valor Econômico e O Globo e pela rádio CBN. O outro candidato que avançou na disputa, Ricardo Nunes (MDB), não compareceu e o debate virou uma sabatina.
Alckmin e Boulos também travaram ataques ao longo da campanha presidencial de 2018, em que os dois foram candidatos. Houve troca de farpas sobre suspeitas de corrupção e ocupação de terras.
Ocupação de terra
Boulos foi questionado mais de uma vez se apoia ou não ocupação de terrenos, mas não respondeu explicitamente.
“Essa pergunta não é para um prefeito. A pergunta é a seguinte: em um governo meu e da Marta [Suplicy, PT, candidata a vice na chapa], eu asseguro para você, será o governo com o menor número de ocupações na história na cidade de São Paulo”.
O candidato do Psol apontou que “ocupação de movimento social ocorre quando não tem política de moradia”, e que a gestão dele, se for eleito, terá “o maior programa de moradia e regularização fundiária da história” da cidade de São Paulo.
Ainda na entrevista, Boulos disse que tem “orgulho” de sua trajetória no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MST) e apontou haver uma campanha para passar uma “caricatura mentirosa” do movimento.
“O que o movimento social faz é identificar imóveis que estão em situação ilegal, que estavam lá abandonados, pichados, terrenos baldios que viram desova de carro roubado e cadáver. O que o movimento fazia era pegar esses imóveis, que estavam abandonados há 20 e 30 anos, devendo mais imposto que o valor do próprio imóvel, e transformar em moradia social”, explicou.