Os druidas foram os primeiros a reverenciar a natureza e são considerados os primeiros ecologistas do Ocidente. Quem fala sobre esse povo é Claudine Bouchet, 48, nascida em Montreal, Quebec, no Canadá, e morando atualmente em Rennes, na França. Ela é a grande druidesa, a autoridade máxima do Colégio Internacional de Estudos Celto Druídicos.
A palavra druida está relacionada à força do carvalho, considerado uma árvore sagrada. “Eles implantaram todos os megálitos (pedras colocadas estrategicamente em pontos de alta concentração energética), por meio de seus povos nativos. Os druidas eram, e ainda são, pessoas muito espiritualizadas. O druidismo é uma cosmologia completa, uma vez que integra a alquimia, a astrologia, as radiações da cruz celta, a radiestesia, as plantas medicinais, as tríadas bárdicas, a detecção de correntes telúricas, a ioga celta, o movimento interno dentro do cordão de prata, dentre outros”, explica a druidesa.
Mas o que significa ser uma druidesa no mundo moderno? “É estar tão próxima da terra e da natureza quanto possível. Nosso objetivo é amar, criar, aprender e ensinar. Para isso, perpetuamos a tradição de nossos ancestrais celto-druidas e igualmente zelamos pela pureza dos seus ensinamentos metafísicos e milenares. Nesse sentido, ser uma grande druidesa é ensinar a ciência e a filosofia dos druidas. É acompanhar e orientar o desenvolvimento dos membros do nosso Colégio Internacional de Estudos Celto Druídicos, bem como organizar cursos e treinamentos. É cuidar das pessoas como nossos ancestrais faziam e ajudá-las na realização da síntese entre as forças cósmicas e as telúricas, em seus corpos e almas, durante uma cerimônia druídica”, diz Claudine.
Segundo ela, o druidismo dá a todos os seres o seu poder de radiação, baseando-se na grande lei da evolução sem fim. “A alma celta se esforça para perceber seus profundos pontos fortes e para participar mais e mais, e de forma melhor, na obra universal. Os druidas afirmam que a chave fundamental da criação se expressa pelo símbolo dos três raios sonoros e luminosos: nós estamos em Deus, e Deus está em nós, não há início, nem fim. Os druidas sempre ensinaram que nossa evolução passa necessariamente pela evolução espiritual de nosso Sol”, ensina a druidesa.
O druidismo ensinado hoje, diz ela, está ao alcance de todos. “Aqueles que estão dispostos a estudar e a participar das cerimônias equinociais e solsticiais podem receber, na medida de sua dedicação, todos os graus iniciáticos: bardo, ovate, eubage e druida”.
Traduzido por Antônio Vicente Pereira, representante do Colégio Internacional de Estudos Celto Druídicos no Brasil.
Para saber mais: www.cidecd.com A jornalista Ana Elizabeth Diniz escreve neste espaço às terças-feiras. E-mail: anadiniz@terra.com.br
Europa
Início. Em 1933, o grande druida das Gálias, Philéas Lebesgue, juntamente com outros druidas gauleses, fundou o Colégio Bárdico das Gálias (CBG), na França. No Brasil, o início foi em 1980.
Os princípios do druidismo
Tolerância. druidismo não é fruto de uma revelação feita por uma entidade supra-humana ou por um dado fundador. Tampouco reivindica que seus ensinamentos sejam portadores de uma essência divina particular e que devem ser insistentemente pregados a todos. Daí advém sua ausência de dogmatismos.
Autoconhecimento. Os druidas acreditam que os três objetivos principais da existência são: o amor, a verdade e o conhecimento. Disso deriva o grande preceito druídico: amar, criar e aprender para, depois, ensinar. Esse princípio evita tanto o apego ao conhecimento adquirido quanto os três principais erros que podem atrasar a evolução do ser humano: o orgulho, a crueldade e a mentira.
Tradição oral. Embora a escrita não fosse proibida entre os druidas, eles preferiam a transmissão oral do conhecimento. Consideravam que era melhor compreender uma lição do que sabê-la de cor. Respeitando a antiga tradição, o Colégio Internacional de Estudos Celto Druídicos transmite parte de seus ensinamentos oralmente. No entanto, é aprendendo a silenciar a mente e desenvolvendo a sensitividade que o membro terá acesso ao seu graal interior.
A trajetória dentro do Colégio
A formação que o Colégio Internacional de Estudos Celto Druídicos proporciona a seus membros é composta por três ciclos de estudo realizados por meio de uma lição mensal. O membro deve participar das iniciações, dos grupos de estudos (clareiras) e das cerimônias solsticiais e equinociais.
“O neófito estuda durante um ano sobre os ensinamentos gerais do druidismo, tais como sua história, a iniciação segundo os druidas, a cruz druídica, a radiestesia, as tríadas e as séries, a percepção do movimento interno, o som da criação, dentre outros temas. Depois ele passa para o grau de discípulo bardo ou ovate, conforme a natureza do trabalho que realizou”, explica a grande druidesa Claudine Bouchet.
Como discípulo, estudará a radiestesia de forma mais aprofundada, aprenderá sobre as cores, as formas mentais, o desenvolvimento de dons psíquicos, como telepatia e clarividência, as construções megalíticas, dentre outros assuntos.
Ao final do segundo ano de estudos, o discípulo-investido, após demonstrar suas qualidades, sua sinceridade e sua lealdade, passará por uma iniciação, quando recebe o título de ovate ou bardo.
“O bardo se dedica ao estudo das artes em geral, da música, da história, do simbolismo, da astrologia, dos números, da filosofia, da preservação e transmissão do conhecimento, da magia do verbo, da harmonia pelo uso sábio das palavras”, diz a druidesa.
O ovate se dedica ao estudo das plantas medicinais, das terapias de cura, do reequilíbrio energético de pessoas ou ambientes, da radiestesia, da geobiologia, das radiações astrológicas, dos oráculos, da sensitividade aos guias espirituais. Com o passar dos anos,o bardo ou o ovate, é iniciado como eubage.Depois pode receber as insígnias de druida ou druidesa.