Alerta

Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo a OMS

Há 18,6 milhões de brasileiros que convivem com o transtorno; médicos ressaltam, no entanto, que tabu em torno do uso de remédios permanece


Publicado em 06 de junho de 2019 | 06:00
 
 
 
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O Brasil sofre uma epidemia de ansiedade. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o país tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno. O tabu em relação ao uso de medicamentos, entretanto, ainda permanece. 

O psiquiatra Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, confirma. “As duas frases que eu mais ouço na clínica são ‘eu não queria tomar remédio’, na primeira consulta, e ‘eu não queria parar de tomar os remédios’, na consulta seguinte. A gente tem muita resistência porque existem muitos mitos: ficar viciado, bobo, impotente ou engordar”. 

Barros explica que todo remédio pode ter efeitos colaterais, e os medicamentos serão receitados quando existir uma relação custo-benefício favorável ao paciente. “Tudo é assim na medicina e na vida”, diz. 

Neury Botega, psiquiatra da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirma que há 30 anos os médicos dispunham de recursos inadequados para tratar a ansiedade.

“Ou usávamos drogas bem pesadas, como barbitúricos, ou as que existem até hoje, como as de tarja preta, os benzodiazepínicos. Por isso, nós vimos várias tias, avós viciadas em remédios, e essa é uma das imagens gravadas quando pensamos em tratamentos psiquiátricos”. 

A partir de 1990, a fluoxetina, conhecida comercialmente como Prozac, torna-se popular. Para Botega, isso muda totalmente o paradigma do tratamento da ansiedade. “Hoje, para tratá-la, na maioria das vezes usamos medicamentos que aumentam a atividade de um neurotransmissor chamado “serotonina”. É o nosso Bombril: mil e uma utilidades”. 

Em relação ao tempo de duração do tratamento, não há protocolos claros para a ansiedade, como existem para a depressão. 

“Ele pode durar um tempo ou ser necessário pela vida inteira. Ansiedade é como pressão alta: quando se descontrola, às vezes é para sempre. Você pode controlar com atividade física, meditação, terapia, mas ela vai estar sempre ali te ameaçando”, diz Barros. 

De acordo com ele, os casos variam bastante: há desde indivíduos que terão alta e nunca mais precisarão de remédios até outros que dependerão de medicamentos para o resto da vida.

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