Junho Preto

Conheça o ABCDE do autoexame do câncer de pele, um aliado do diagnóstico

Importante, procedimento auxilia, mas não descarta a avaliação do médico, que fará o exame clínico em caso de suspeita da doença


Publicado em 23 de junho de 2019 | 03:00
 
 
 
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O surgimento de pintas em uma mancha de nascença, na sola do pé, foi o que levou a assistente social Andreia Duarte, 40, a um consultório de dermatologia. À época, tinha 19 anos e decidiu buscar ajuda por ter ouvido, reiteradas vezes, da importância de monitorar alterações de marcas no próprio corpo – sem nunca as negligenciar. Não imaginava, todavia, que o diagnóstico fosse de um câncer.

“Era algo que nasceu comigo, em uma região que não pegava sol, então pensava que não poderia ser um tumor”, lembra ela, que foi examinada e logo encaminhada para uma cirurgia. “Felizmente, foi possível retirar tudo. A recuperação foi lenta, porque não foi uma cirurgia superficial, foi profunda”, comenta. Hoje, diz estar atenta não só a si mesma: monitora também a epiderme dos filhos e das pessoas próximas. “Como busquei ajuda rápido, não tive complicações”, reflete, aliviada.

E, de fato, o tipo de câncer pelo qual Andreia passou é mais raro, mas também o mais grave: “O melanoma pode ser causado pela exposição solar, mas há outros fatores – como o genético – associados a ele”, explica Ana Rosa Magaldi, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). “É um tipo de câncer agressivo, com mais chances de metástase – que é quando as lesões tumorais se espalham pelo corpo”, expõe.

Derrubando o ainda difundido mito de que a pele escura seria imune ao desenvolvimento de cânceres, Ana Rosa situa que, “quando ocorre nas extremidades do corpo, como na palma da mão ou sola do pé, o melanoma é mais comum em pessoas de pele negra”, pontua a especialista.

A doença é mais comum em pessoas que têm grande número de pintas. O histórico familiar desse tipo de tumor também deve ser observado. O câncer melanoma costuma aparecer entre os 50 e 60 anos de idade e é mais comum em homens – algo ligado a uma relação cultural, já que eles cuidam menos da própria pele do que elas.

Se identificado em estágio inicial, o tratamento cirúrgico pode ser suficiente. Mas se estiver mais profundo, deve-se buscar tratamento oncológico, lembra a médica dermatologista.

Variações. Mais frequente, o carcinoma basocelular não leva à metástase. Ele é mais comum em pessoas de pele clara, que ficam expostas ao sol. Nesse caso, a doença se manifesta em feridas que não cicatrizam e em pintas que sangram espontaneamente, por exemplo. Uma terceira variante é o carcinoma espinocelular, que se notabiliza pelo surgimento de lesões ásperas na pele, “como uma casquinha que sempre se descama”, pontua Ana Rosa. Neste caso, a taxa de metástase é baixa, mas pode ocorrer em casos mais avançados. 

Esses dois tipos de tumores cutâneos são mais brandos, e costumam ser tratados com a cirurgia micrográfica de Mohs, uma técnica refinada na qual é possível identificar e remover todo o tumor, preservando a pele sã em torno da lesão.

O ABCDE do autoexame de câncer de pele

Lembrando que 70% dos casos de câncer de pele se originam a partir de pintas já existentes e 30% dos episódios da doença têm início em pintas que já nasceram com o tumor maligno, a dermatologista Ana Rosa Magaldi cita a importância de se observar o “ABCDE do autoexame da saúde cutânea”.

Assimetria. Se com uma linha imaginária dividirmos uma pinta ao meio e as duas metades são diferentes entre si, esse pode ser um sinal de alerta.

Bordas. Se a circunferência de uma pinta é regular, sinal que a epiderme está saudável. Mas se há pontas e são disformes, é hora de buscar ajuda.

Cor. Se a marca na pele apresenta várias tonalidades, possui pontos enegrecidos, avermelhados ou esbranquiçados, este também é um fator de alerta.

Diâmetro. Em caso de pinta com mais de 6 milímetros, é preciso maior atenção: elas têm mais potencial de adoecimento. 

Evolução. Caso aconteçam modificações, uma pinta cresça abruptamente, sangre ou mude de formato, é hora de consultar um médico.

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