Completar 100 anos não é algo comum, assim como esbanjar lucidez, coerência, alegria, alto-astral, disposição e consciência espiritual. Estamos falando de Zilda Franco Chaves, que comemorou seu aniversário entre amigos e familiares em 11 de junho.
Geminiana, ela nasceu na fazenda Areias, no município de Campina Verde, no Triângulo Mineiro, e, desde criança, apreciava arroz integral e fubá de moinho, produzido no monjolo da fazenda. O gosto pelos livros vem dessa época também.
“Sempre fui romântica e certo dia, ainda muito jovem, tive uma visão de um homem muito bonito, vestindo um terno cor de tijolo, meio alaranjado, dando milho para as galinhas. Naquele momento tive certeza de que aquele seria meu príncipe encantado e meu único amor”, relembra.
Anos depois, no Carnaval de Ituiutaba, conheceu Fábio Teixeira Rodrigues Chaves. “Assim que fui apresentada a ele, levei um susto, pois ele estava vestido como na visão que eu havia tido. Eu tinha 24 anos quando me casei com ele. Tivemos cinco filhos, cinco netos e um bisneto. Só nos separamos há dez anos, quando ele morreu”, comenta a centenária.
Zilda teve educação religiosa, estudou no Colégio Nossa Senhora das Dores, em Uberaba. “Eu frequentava as missas, lia muito sobre espiritualidade e logo conheci a ioga. Comecei a praticar a respiração pranayama, uma técnica que acalma a mente e revitaliza. O ato de respirar é muito maior do que se pensa, pois no ar está a energia divina que nos preenche”, ensina.
Ela conta que aprendeu a usar o poder do espírito para criar prosperidade, saúde e felicidade. Estudou com os professores de ioga Caio Miranda, George Kritikos, José Hermógenes de Andrade Filho e Luís Sérgio Álvares DeRose e começou a dar aulas. Depois, passou a meditar e a praticar os ritos tibetanos.
E seus dias são assim: calmos, serenos, em harmonia com o divino e com a consciência suprema. Talvez esteja aí o segredo da longevidade bem vivida. “Vivo em harmonia com todos. Não gosto de falar das pessoas, pois, quando faço isso, na verdade, estou falando de mim, e essa energia volta para mim. É a lei do retorno”, pondera Zilda.
Para a centenária, não existe tempo ruim. Sempre vê os acontecimentos sob uma perspectiva otimista. “Aceito as coisas como elas se apresentam, aprendi isso com a vida e com os anos. O espírito é o que nos sustenta, essa energia divina está dentro de mim, é sagrada. Deus é onipresente e onisciente e está conosco todo o tempo, dentro de nós”, sustenta.
Zilda dorme por volta de 22h30 e se levanta às 5h30. Há 11 anos, incluiu em sua rotina as caminhadas diárias e três vezes por semana faz musculação e exercícios com um dos netos, o preparador físico Níkolas Chaves Nascimento. “Ela é meu case de sucesso”, orgulha-se o personal.
Sua alimentação é saudável, adora quinoa, arroz integral, salada, semente de girassol, nozes e amendoim. Não come frango nem carne vermelha, apenas peixe, ovo e queijo.
Na sala da casa, um enorme Buda assenta-se sobre um móvel, impassível e compassivo. Nas mesas, pratos acolhem dezenas de cristais, de todas as cores e formatos.
O símbolo do “om”, o mantra mais importante do hinduísmo e de outras religiões, considerado o som do universo, está em paredes, móveis e objetos, assim como os dizeres “eu sou”, afirmação ligada aos mestres ascensionados da Fraternidade Branca, que significa a consciência do poder divino que habita cada ser, a sabedoria, a criatividade e a perfeição, e o namastê, cumprimento que significa “eu saúdo você”.
É inegável a importância que a dimensão espiritual tem na vida de Zilda. Sua postura e suas palavras repletas de sabedoria e espiritualidade espelham esse universo onde ela busca a energia sagrada que a sustenta.
Livros são uma fonte inesgotável
O sagrado, o místico e o transcendente estão também no quarto de Zilda Chaves. Pirâmides, mais cristais, uma mesa psicotrônica, baseada nos princípios da radiestesia e radiônica. Nesse ambiente ainda estão os símbolos do reiki, bolas terapêuticas chinesas, objetos de bambu, inclusive seu cajado.
Seus autores preferidos são o iogue indiano Paramahansa Yogananda, o físico indiano Deepak Chopra, Joseph Murphy, o libanês Jorge Adoum, Sai Baba, Osho, Joel Goldsmith, entre dezenas de mestres iluminados.
Na estante, o livro “As Cartas de Cristo”, mensagens canalizadas e atribuídas ao Nazareno. “O homem mais sábio é aquele que procura Deus, e o mais bem-sucedido é aquele que O encontrou”, ressalta a centenária.
“Eu não temo a morte”
Há algum tempo, Zilda Chaves recostou-se para dar uma cochilada após o almoço e acordou com seu marido acariciando seu rosto. “Foi um momento de profunda ternura”, diz a centenária, que não teme a morte. “O corpo é perecível, e não a alma. Meu espírito vai reencarnar quantas vezes forem necessárias para despertar o estado de consciência crística”, finaliza.
Experiência
“Invoco a chama violeta, aprecio a filosofia budista e gosto de abraçar árvores. Sei que o cálice sagrado, o Graal, encontra-se dentro de mim. Meu cristal prefeito é a ametista, entoo mantras e já tomei ayahuasca. Foi uma experiência mística, entrei em estado de supraconsciência.”
A jornalista Ana Elizabeth Diniz escreve neste espaço às terças-feiras. E-mail: anabethdiniz@gmail.com