Concentração para a alta performance alcançada por meio da meditação e da mente focada é a proposta da grega Anna Doiliani, formada em psicologia e filosofia pela Universidade de Atenas e coordenadora da Brahma Kumaris em Beirute, no Líbano.
Ela estará em Belo Horizonte para um seminário sobre a importância de essa prática estar conectada a um tipo de força ou disciplina.
“A concentração é um poder original do ser, o que significa que nossa mente não fica difusa, espalhada em direções que não desejamos. O aspecto mais importante é exercitar, praticar e recuperar esse poder, de forma natural”, ensina a professora.
Mas a pergunta é: o que focar quando se concentra? “Concentração está conectada com atenção. A mente é uma faculdade do ser, ela não faz parte do cérebro, mas da psique, da alma, é um aspecto metafísico e faz parte do ser, e por si só, a menos que esteja sob a correta orientação, pode criar uma vastidão de pensamentos sem qualquer sentido, significado”, comenta Anna.
Ela ensina que, quando a pessoa está concentrada, toma consciência dessa mente difusa e, com força de vontade e prática, pode focar a atenção nos pensamentos que escolhe, que reconhece que têm valor.
Após alguma prática, a concentração passa a ser “conscientizar-se, colocar a atenção em pensamentos de acordo com a nossa escolha e experimentá-los com a confiança de que são corretos e estão de acordo com cada situação. No entanto, a atenção foi totalmente tomada pelos sentidos, a mente tornou-se travessa. Temos que praticar esse poder de manter nossa atenção focada em pensamentos que escolhemos como os corretos”, ressalta a instrutora.
Muitas pessoas acreditam que meditar é esvaziar a mente. “A natureza da nossa mente não é ficar ‘em branco’ nem ter pensamentos em alta velocidade e baseados em energias negativas, que chamamos de ‘vícios’. O estado original da mente é criar pensamentos necessários, tudo isso sob nosso controle, baseado nas qualidades originais do ser, que são poder, amor, felicidade e paz”, diz Anna.
Ela defende que o ser humano, por ter perdido a capacidade de criar pensamentos corretos, precisa iniciar uma viagem para dentro, voltar ao estado original.
“Meditar é criar tempo para começar a entender o que está acontecendo, é exercitar a atenção e a mente para que ela seja capaz de focar aquilo que tem valor. Nossa tendência é dar atenção ao mundo físico, mas há qualidades invisíveis que são valiosas para nós, como a felicidade, o amor, a segurança e a paz. Devemos colocar nossa atenção nesses sentimentos que ainda estão dentro de nós”, propõe a professora.
Por meio dessa experiência, a atenção fica focada e, quando o ser começa a ter relances dessas qualidades, elas, por si sós, fazem com que a concentração aconteça.
“Precisamos relembrar essas qualidades, porque temos trazido memórias de coisas desagradáveis. Viver a experiência natural de plenitude, de preenchimento, daquilo que no princípio era apenas uma memória, mas que agora torna-se a minha realidade”, diz ela.
Agenda: O seminário “Concentração para a alta performance” acontece nos dias 26 e 27 próximos. Informações: (31) 3371-9802.
Um exercício para conhecer os pensamentos
Em seu cotidiano, as pessoas não têm consciência de seus pensamentos. Anna Doiliani propõe um exercício: “Coloque-os à sua frente, como se estivessem em uma tela, e visualize uma estrela, como um observador. Observar significa que você se torna consciente de que eles estão lá. E então, ao invés de a atenção ir na direção dos pensamentos, crie sentimentos baseados nos pensamentos e coloque sua atenção nesse ser de luz, que é profundamente silencioso, pleno e tem todas as qualidades que, até então, você buscava no mundo lá fora”.
A professora ensina que a prática é separar o ser de luz dos pensamentos que estão a uma distância e são apenas como palavras. “Com a prática, a atenção se foca na estrela, e a experiência da profundidade das qualidades torna-se mais detalhada. Podemos ver mais detalhes desse ser de luz”.
Com o tempo, a pessoa deixa de assediada pela mente e pode experimentar o ser verdadeiro. “Esse é o maior benefício, porque o ser já contém dentro de si as experiências mais elevadas que busca fora dele”, comenta Anna.
FOTO: Brahma Kumaris/divulgação |
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Anna Doiliani diz que a mente perdeu a capacidade de ficar serena |
Mente humana está para servir a alma
A mente, infelizmente, ainda é uma grande desconhecida do ser humano. “Quando começamos a nos conscientizar do nosso ser verdadeiro e a despertá-lo, naturalmente ele torna-se o mestre da mente, que está lá para servir o eu, a alma. No entanto, devido à confusão e ao fato de termos nos esquecido de como as coisas são, a mente está em total revolução e tornou-se o mestre do rei. Mas um rei é sempre um rei. É o momento de retornarmos ao nosso estágio de soberania e maestria, quando relembramos que somos os mestres, a alma, o intelecto, aquele que entende como as coisas são”, ensina a professora Anna Doiliani.
Ela diz que, quando a humanidade despertar seu ser real, a mente como o verdadeiro mestre, então ela voltará a desempenhar seu papel original: servi-lo.
“É isso que fazemos quando dedicamos tempo para tomarmos consciência dessa confusão que aconteceu dentro de nós. E esclarecer tudo o que está acontecendo. E meditar, discernir se nossos pensamentos são corretos ou não, necessários ou não, e criar outros de acordo com a nossa escolha”, propõe Anna.