Lua deve se tornar ponto de partida para missões em Marte

Desde 1969, satélite natural que já foi a maior ambição espacial recebeu a visita de 12 astronautas


Publicado em 04 de novembro de 2018 | 04:00
 
 
 
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Lá se vão praticamente 50 anos desde que o homem ousou tentar viajar mais de 380 mil quilômetros para pisar pela primeira vez na Lua – em 20 de julho de 1969. Tal feito histórico, que impulsionou o desenvolvimento tecnológico e a exploração espacial, porém, não mais se repetiu desde 1972, com a última viagem do programa Apollo, da agência espacial norte-americana.

Perguntamos a alguns especialistas ligados à Nasa por que então, o homem ainda não voltou à Lua e quais são as dificuldades e as prioridades atuais. De acordo com a vice-reitora da Universidade Católica da América e colaboradora da Nasa, Duilia de Mello, após a volta da Apollo 17, o Congresso norte-americano avaliou que “não valia mais a pena voltar à Lua porque já tínhamos atingido os objetivos principais da conquista”.

Outro aspecto é que uma missão tripulada para a Lua é extremamente cara, especialmente nos padrões atuais, segundo o cientista do Blue Marble Space Institute of Science, do Centro Ames de pesquisas da Nasa, Ivan Glaucio Paulino Lima. “Naquela época, os níveis de segurança aceitáveis eram muito menores do que os de atualmente. O contexto histórico era outro, o da busca pela supremacia tecnológica na Guerra Fria, então aceitavam-se melhor riscos maiores”, diz.

Além disso, na época, o orçamento da Nasa era de 4% do PIB dos Estados Unidos e, hoje em dia, é de apenas 0,4%, ou seja, proporcionalmente dez vezes menor.

Duilia diz que o homem já conhece muito bem esse satélite natural da Terra depois que 12 astronautas que lá estiveram trouxeram mais de 300 kg de rochas para serem estudadas. Atualmente pesquisas são feitas por satélites e robôs. Recentemente, cientistas confirmaram a existência de gelo na superfície do satélite natural.

A vice-reitora, no entanto, não descarta uma nova viagem e reconhece que, com as tecnologias avançadas existentes atualmente, o interesse de uma volta à Lua seria por causa da possibilidade de se poderem fazer análises e pesquisas durante a missão no satélite.

Recentemente, o presidente Donald Trump aprovou a Diretriz de Política Espacial 1, uma ordem presidencial que autoriza a Nasa a enviar novamente missões tripuladas à Lua. Lima acredita que esse retorno pode acontecer dentro dos próximos dez anos. “Certamente, companhias privadas e outras nações muito provavelmente enviarão seus astronautas para a Lua, para a conquista do ponto de vista de exploração, de fincar bandeira ali”, afirma. Segundo ele, um retorno neste momento traria benefícios do ponto de vista de se tornar um destino frequente para novas missões. “Viabilizaria, então, essa logística para o contexto do turismo espacial, por exemplo, de pessoas dispostas a fazer esse tipo de viagem por turismo, uma coisa que está em franco desenvolvimentos nos Estados Unidos”, diz.

Prioridades

Se em 1969 as motivações políticas se sobressaíam, hoje a prioridade é outra, mais especificamente na exploração do Planeta Vermelho, Marte. Por isso, hoje, a Lua está sendo considerada pela Nasa mais como um futuro ponto de partida para outras missões, mas ainda sem os recursos para fazer isso. “Uma das ideias é uma base lunar que sirva também de pouso para futuras missões, por exemplo, de uma ida a Marte. Então, iremos para a Lua e, de lá, sairíamos para Marte. Esse estudo vem sendo feito, mas ainda está só na prancheta”, revela Duilia.

A vice-reitora diz que Marte sempre foi um dos sonhos do ser humano, porque é um planeta que tem uma superfície rochosa como a da Terra. “Poderíamos pousar em Marte”, diz. O que não ocorre da mesma forma no caso dos planetas Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Vênus. “Uma ida a Marte é uma ida mais saudável, mas, mesmo assim, complicada. Nós temos esse desejo de explorar outros planetas, de conhecer nossas origens olhando os outros planetas, então a exploração de Marte é isso, uma exploração de outros mundos”, afirma.

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