Boas vibrações

Saiba como investir nas plantas da sorte

Em tempos em que a jardinagem tem seu viés terapêutico valorizado, cresce também o apreço a plantas às quais poderes especiais são creditados


Publicado em 12 de maio de 2019 | 03:00
 
 
 
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O fato de o pai ter atuado como bioquímico motivou Maria Célia Ferrarez Bouzada Nable a se interessar por plantas “desde a mais tenra idade”. Ao longo dos anos, porém, a relação da escritora com a flora ultrapassou o âmbito de um laboratório. Hoje, já avó, ela cultiva em casa espécies não só para o uso no dia a dia, na culinária, mas também por acreditar que, ao plantá-las, está criando um cinturão energético de cura. “Não tenho como duvidar disso”, diz ela, que, assim que uma pessoa adentra sua casa pela primeira vez, faz questão de conduzi-la à laje do imóvel, para que possa sentir o odor das folhas de mirra, lavanda, malva, erva-cidreira, melissa ou sálvia, para citar algumas. 

Maria Célia é um exemplo de um círculo de pessoas que, aliando o prazer da jardinagem à crença dos benefícios imputados a certas plantas, acabam, de quebra, conferindo um charme a mais às suas residências. Time que agrega também Ernane Dias. Em sua casa, o assessor parlamentar mantém uma mata de lanças e espadas-de-são-jorge variadas. “Não conseguiria viver sem a força de Ogum e a proteção de Oxóssi – acredito na força desses orixás, que me inspiram na vida e guiam minha conduta para seguir em frente com coragem e determinação. São guerreiros! Na minha concepção, não devemos abandonar a luta – e sem fé fica difícil”, diz ele, que tem também um pé de dendê trazido da Bahia.

Nesse universo, a espada-de-são-jorge é, sem dúvida, uma das plantas mais populares. “Devido às folhas pontudas, ela é associada ao poder de cortar as energias negativas, a inveja, o olho gordo e o mau-olhado”, explica Maria Tereza Bittar Nolli, proprietária do ateliê de plantas, decoração e design Verde-si, inaugurado há dois meses no Belvedere. 


“Em tempos de crise e de violência em todo o mundo, o que, claro, desencadeia muito estresse, as pessoas acabam procurando mais essas plantas. E, vamos reconhecer, além de tudo, elas são lindíssimas”, diz ela, abarcando, em sua fala, outras espécies, como o alecrim (“traz vitalidade à casa”), arruda (“promove uma verdadeira limpeza no ambiente”), comigo-ninguém-pode (“além de proteger o ambiente de energias negativas, traz paz e tranquilidade”) ou lírio-da-paz (“atrai paz”). Em seu ateliê, também chamam atenção combos de plantas e cristais ou outras pedras, como ametistas, às quais também são imputadas propriedades de purificar ambientes.


Alecrim. Se a espada-de-são-jorge é referência em vários países, há uma série de outras plantas que despertam atenção por seus propalados poderes. Maria Célia Ferrarez, por exemplo, elege o alecrim. “Além da aplicação na culinária e do medicamento, me dá a sensação de proteção à casa. Também adoro fazer escalda-pés para os amigos que chegam por aqui cansados”, cita. Outra receita é colocar ramos da planta com água num panelão e deixar ferver, de modo que o vapor “passeie” pelo apartamento. “A sensação é que limpa tudo e acalma os que aqui estão”, esclarece.

Mirra. Num espectro mais amplo, Maria Célia fez da atividade de plantar uma prática pensada também para que filhos, netos e sobrinhas tenham essa memória. E não só. “Acredito que até uma mudinha acaba sendo uma forma de não deixar o mundo acabar”, filosofa ela, que recentemente realizou o sonho de ter em casa a mirra. “Uma planta muito poderosa, símbolo de riqueza, de poder e sorte, mas também muito utilizada por pessoas que se sentem ‘queimadas’ pela vida”, afiança.

Hoje morando na cidade do Porto (Portugal), onde, no futuro, pretende voltar a ter uma Pequena Flora de Coisas Incríveis, que tocou em BH, no bairro Floresta, André Albuquerque Cerqueira acrescenta ao leque de plantas com poderes especiais a maia (Cytisus). “Em Portugal, é o mês de maio que é considerado o ‘de mau agouro’, o nosso agosto. Então, na virada de 30 de abril para o dia 1º, é incrível, em particular no norte: de supermercados a hotéis cinco estrelas, todos colocam ramos da planta nas portas, janelas e cantos. Você vê as pessoas na rua passando com seus molhos de maias. E, no dia seguinte, as lixeiras estão lotadas”, descreve ele, lembrando que o uso pontual dessa flor, na crença popular, esconjura os maus espíritos. 

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