Era 1869 quando o primeiro vibrador foi criado. A vapor e acionado por manivela, o instrumento tinha, no início, uma função médica. “Eles eram usados por especialistas para tratar uma doença que era conhecida como histeria. Na época, os médicos utilizavam as mãos, mas se cansavam. A partir disso, começaram a desenvolver os primeiros brinquedos”, conta o sexólogo Rodrigo Torres. A versão elétrica veio algumas décadas depois, no início do século XX, quando a empresa Hamilton Beach patenteou o primeiro vibrador, que era vendido como um eletrodoméstico e tinha a função de massagear os músculos.
Agora, mais de cem anos depois, muita coisa evoluiu. Os vibradores passaram a ser vendidos em diferentes formatos, inclusive mais discretos e portáteis, como os bullets, e com funções, velocidades e texturas variadas, que podem até mesmo simular a pele humana. Pioneiros como ferramentas de prazer sexual, eles, agora, são apenas uma parcela do vasto mercado de sex toys. Brinquedos em formato de ovo, bonecas hiper-realistas, vaginas e nádegas de silicone e outros materiais se misturam a outros tantos produtos que compõem o mercado erótico.
E, se as opções se multiplicam exponencialmente, as cifras de arrecadação também. Segundo uma pesquisa do Mapa do Brasil Erótico, só em 2022, os brasileiros gastaram R$ 3 bilhões em sex shops, o que demonstra um aumento de 12,5% em relação ao ano anterior.
Mas, se os números parecem impressionantes, eles ainda representam uma fatia reduzida da população. É isso que observa Rodrigo Torres. “Sem dúvidas, algumas pessoas estão se abrindo mais para o uso de brinquedos sexuais em todas as esferas sociais, mas, por outro lado, isso ainda representa uma parcela pequena. A gente fica feliz de as pessoas estarem se descobrindo mais. Mas ainda é pouco”, acredita.
Vale ressaltar, também, que a grande maioria dos consumidores do setor são mulheres. Conforme a pesquisa do Mapa do Brasil Erótico, elas são responsáveis por 71% das compras. O uso, porém, é recomendado para todos – inclusive casais. “Os brinquedos eróticos têm um potencial muito grande de ajuda na sexualidade por causa da autodescoberta, do autoconhecimento e da estimulação própria. No caso de casais, quando existem questões como medo ou insegurança de utilizar, a gente incentiva a quebrar esse tabu, porque é muito benéfico, favorece o diálogo e proporciona outros tipos de prazer que não sejam necessariamente a penetração ou o ato sexual em si”, explica o sexólogo, acrescentando ainda que eles vão além da quebra da rotina. “Estimulam a conversa e a descoberta mútua, ensinando do que cada um gosta”.