Administrar um tratamento para diminuir o nível de colesterol em pessoas com menos de 45 anos pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares mais tarde na vida, concluiu um grande estudo divulgado nesta quarta-feira.
Os autores, que analisaram os dados de mais de 400 mil pessoas de 19 países ocidentais por um período muito longo (até 43 anos em alguns casos), confirmam o vínculo entre uma taxa de colesterol excessivamente alta e o maior risco cardiovascular em longo prazo.
Os resultados, por outro lado, também demonstraram que esse risco aumentado é maior em pacientes relativamente jovens (menos de 45 anos) do que naqueles com mais de 60 anos.
Assim, as mulheres com menos de 45 anos com um nível de LDL (o mau colesterol) um pouco alto – entre 1,45 g/L (gramas por litro) e 1,85 gramas por litro – que apresentam pelo menos dois fatores de risco para doenças cardiovasculares (como obesidade, diabetes, hipertensão ou tabagismo) têm 16% de riscos de sofrerem um acidente cardiovascular antes dos 75 anos, de acordo com o estudo.
No caso de mulheres acima de 60 anos com o mesmo perfil, o risco é de 12%, de acordo com o estudo, publicado na revista médica britânica “The Lancet”.
No caso dos homens com as mesmas características, essas chances são de 29% e 21%, respectivamente.
Duração da exposição
“O que se sugere é que não é apenas o nível de colesterol, mas a duração da exposição a um colesterol alto que coloca a saúde em risco”, ressalta Paul Leeson, professor de medicina cardiovascular da Universidade de Oxford (Reino Unido), em um comentário independente sobre o estudo da “Lancet”.
Com a ajuda de um modelo estatístico, os pesquisadores demonstram que, se metade da taxa de colesterol ruim for reduzida, com a ajuda, por exemplo, de medicamentos da família das estatinas, o risco cardiovascular em mulheres com menos de 45 anos cairia para 4% e, nos homens, para 6%.
“Esses resultados consolidam a ideia de que o controle do nível de colesterol o mais rápido possível no decorrer da vida pode produzir melhores resultados do que esperar tratamento em uma idade avançada”, diz Leeson.
Ponderação
Antes de deduzir recomendações médicas, é necessário fazer mais pesquisas sobre como reduzir efetivamente o colesterol em pessoas relativamente jovens, especialmente sobre a relevância de fazer o tratamento continuamente por décadas.
O alerta é feito por Paul Leeson, professor de medicina cardiovascular da Universidade de Oxford (Reino Unido), em um comentário independente sobre o estudo da “Lancet”.
“Os dados atuais sobre as estatinas não avaliam tratamentos há várias décadas. Portanto, o risco de efeitos colaterais que modificam a relação benefício-risco não está claramente estabelecido”, estima Jennifer G. Robinson, professora do Departamento de Epidemiologia da Universidade de Iowa (Estados Unidos) em outro comentário independente sobre o estudo.
Vários autores do estudo declararam que receberam vários tipos de financiamento, como bolsas de pesquisa ou remuneração de diferentes laboratórios farmacêuticos.