Uma jornalista de Minas Gerais registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar para denunciar preconceito sofrido dentro de uma unidade do supermercado Dia de Belo horizonte nesta segunda-feira (4). Etiene Martins, de 32 anos, contou em seu Facebook que um segurança do estabelecimento a agrediu verbalmente quando ela tentou entrar com sua bolsa no local, e segundo ela, o funcionário ainda tirou o cassetete para intimida-la. Para a PM, o segurança negou que tenha feito as agressões.  

Na noite dessa terça-feira (5), o supermercado informou, pelo Facebook, que demitiu o funcionário. "Gostaríamos de te informar que o funcionário, terceirizado, foi afastado das funções e não presta mais serviços ao DIA", diz o texto postado na rede social. 

“Mesmo com medo perguntei a ele se ele achava que eu iria roubar a loja. Ele olhou pra mim e falou bem alto: ‘é esse tipo de gente que rouba aqui todos os dias’”, contou em sua rede social. Segundo a jornalista, assim que chegou ao supermercado ela perguntou onde era a entrada, o segurança imediatamente disse a ela que se ela quisesse entrar teria que guardar a mochila. No entanto ela percebeu que várias mulheres estavam no estabelecimento com suas bolsas.

Etiene conta que o segurança exigiu, de maneira grosseira, que ela deixasse a bolsa no guarda-volumes antes de entrar na loja, onde ela foi para comprar lâmpadas. “Perguntei porque que eu deveria guardar minha bolsa já que todas as mulheres que os meus olhos alcançavam no interior da loja estavam com suas respectivas bolsas. Ele me perguntou em alto e em bom som se eu não sabia ler apontando para um painel que estava na parede com mais de 50 frases e uma delas dizia: Proibida a entrada com bolsas, sacolas e mochilas. Nisso um outro cliente passou a roleta com bolsa e entrou na loja sem que o segurança o abordasse”, contou.

Depois de passar pelo constrangimento, ela procurou a gerente da loja, que de acordo com ela, disse que o segurança é terceirizado e que estava trazendo problemas na loja. Ela prometeu tomar providências. Etiene decidiu chamar a  polícia e registrar o Boletim de Ocorrência. Ela tentou fazer o registro como racismo, porém ele foi feito como “outras infrações contra a pessoa”, segundo ela.

Etiene postou o ocorrido no Facebook e o post já teve quase 4 mil curtidas e quase 700 compartilhamentos. O perfil do supermercado comentou a postagem da jornalista. “Lamentamos profundamente o relatado. Pedimos desculpas por todo o transtorno. Desde já ressaltamos que o DIA não compactua com quaisquer posturas inadequadas dos nossos colaboradores e/ou parceiros. Neste exato momento estamos averiguando o ocorrido para tomar as providências necessárias. Agradecemos se puder enviar os seus dados por mensagem inbox. Assim podemos contar com a sua colaboração na apuração dos fatos”.

A jornalista disse que encaminhou e-mail para o supermercado, porém até as 18h30 desta terça-feira (5) não recebeu nenhum retorno do estabelecimento. “Acredito que isso ressalta o descaso. Já que pediram meus contatos e eu passei, se realmente quisessem teriam me ligado e falado das providências que tomaram em relação ao ocorrido. Mas infelizmente as pessoas ainda encaram o racismo como uma mera ofensa. Racismo não é um simples transtorno, racismo é crime”, disse Etiene.

A reportagem de O TEMPO não conseguiu contato com a assessoria de imprensa do supermercado.