O secretário de saúde do Estado de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, negou qualquer relação das mortes de três crianças em São João del-Rei com a infecção pela bactéria Streptococcus. Durante um evento com a imprensa na manhã desta segunda-feira (30 de outubro), Baccheretti disse que a relação é errônea porque os exames realizados na terceira criança, de 10 anos, não detectaram nenhum contágio por bactéria, incluindo qualquer tipo de Streptococcus. Segundo o Estado, não foi possível recolher exame das outras duas crianças que morreram. O resultado da investigação da causa das mortes ainda não foi divulgado. 

De acordo com o secretário de saúde, tudo começou por uma associação das mortes com a causa de uma quarta internação, a única que teve teste positivo para Streptococcus. “Nenhum desses óbitos é vinculado à Streptococcus. Nós temos três óbitos sendo investigados em crianças. No meio do caminho, outra criança foi internada e diagnosticada com essa bactéria. Mas essa criança já teve alta, está bem e em casa”, explica. 

De fato, em nota técnica divulgada pela prefeitura de São João del-Rei, não foi confirmado o diagnóstico de infecção pela bactéria nas demais crianças. Uma delas teve a infecção registrada no atestado de óbito, mas sem ter sido testada. Segundo o Executivo, as mortes só foram notificadas por suspeita de Streptococcus. E só por isso foi iniciada investigação. Essa é a recomendação da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG): notificar sempre que houver suspeita de casos graves da bactéria. 

Mesmo assim, segundo Baccheretti, o exame realizado em uma das crianças mortas em São João del-Rei não confirmou infecção bacteriana. “No exame da última morte, por análise pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), por enquanto não há nenhum crescimento bacteriano, inclusive de Streptococcus. Tivemos alguns municípios com aumento de escarlatina, alguns surtos locais podem sim acontecer, mas a chance de óbito é muito baixa, o tratamento é por antibiótico de fácil acesso”, reforçou o chefe da pasta.

Um exemplo de surto local acontece na cidade de Felício dos Santos, no Alto Jequitinhonha, a mais de 500 km de São João del-Rei, que tem 30 casos suspeitos de escarlatina, doença causada pela bactéria Streptococcus. 

Para auxiliar na investigação das causas das mortes das três crianças, uma de 3 anos e duas de 10, a SES-MG também está apurando se houve falhas médicas ou demora nos diagnósticos. “Estamos em análise também de prontuário. Assim a gente consegue observar pela história de internação qual a provável causa das mortes”, informa o secretário. 

Ainda de acordo com Fábio Baccheretti, todas as reações ao medo da infecção pela bactéria foram desnecessárias, como fechamento de escolas, compra de testes e desinfecção em áreas públicas. Nem mesmo o surto confirmado em Felício dos Santos é motivo para alarde, segundo o secretário, e não motivou mudança de estratégia do Governo.

“Isso acontece. Sempre acontece de escolas terem vários casos. É uma doença causada por uma bactéria da boca que pode ser transmitida. Fechamento de escola não tem muito sentido. A bactéria volta para a escola, na boca das crianças. É tratar com antibiótico”, afirmou. 

Quando finalizado, o resultado dos exames deve ser divulgado pela SES-MG.