A pesquisa do Instituto DATATEMPO mostra a importância de o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) associar sua imagem ao do ex-presidente Lula (PT) na corrida pelo governo de Minas. Quando o cenário estimulado é apresentado aos eleitores, Kalil soma 22,1% dos votos, mas, quando o nome dele é colocado como sendo o candidato de Lula, ele salta para 40,4%. O mesmo movimento faz o senador Carlos Viana (PL). Nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Minas, ele tem 4% das intenções de voto quando apenas seu nome é citado, mas sobe para 15,5% quando ele é apresentado como o candidato de Bolsonaro. No caso de Zema, o movimento é no sentido contrário: em voo solo, ele tem 45,7% da preferência do eleitorado, mas, quando aparece ao lado de Felipe D’Ávila, candidato de seu partido, cai para 24,4%. 

“O que se vislumbra é que as definições acerca dos apoios políticos podem impactar os resultados das eleições, em especial para Kalil, já que se verifica uma possibilidade de crescimento para o candidato quando se associa ao nome de Lula, e ele tem grandes chances de conquistar votos em regiões do Estado em que antes era de Zema”, explica Audrey Dias, doutora em ciência política e coordenadora da pesquisa.

Por regiões

A parceria entre o petista e o pessedista foi formalizada publicamente no dia 19 de maio. Com a associação direta a Lula, Kalil, que antes vencia do governador apenas na região metropolitana, passa a perder apenas nas regiões Oeste, Noroeste e Vale do Mucuri. E, mesmo perdendo, nos casos do Noroeste e Oeste, ele chega mais próximo a seu opositor. Na região Noroeste, por exemplo, a diferença, que, no cenário estimulado, é de mais de 43 pontos percentuais (53,85% para Zema e 10,26% para Kalil), cai para 2,57 pontos percentuais (35,90% contra 33,33%). 

Como exemplo da virada de jogo de Kalil, sem Lula ele perde para Zema no Vale do Jequitinhonha, de 35,21% contra 29,58%. Quando ele é associado a Lula, porém, ele passa a ter 49,30% contra 21,13% de Zema. Na região metropolitana, única em que Kalil vence Zema em voo solo, o ex-prefeito cresce e mantém a liderança, passando de 41,18% para 46,10%. 

Transferência

Quando os nomes dos candidatos à Presidência são citados, Zema consegue manter 46,8% de sua base de votos em um cenário de primeiro turno, mas perde 24,2% para Kalil e outros 17,4% para Carlos Viana apoiado por Bolsonaro.

No caso de Kalil, o ex-prefeito de Belo Horizonte recebe a maioria dos votos dos demais candidatos que concorrem no primeiro turno. Ele mantém 79,4% de seus eleitores quando ele não é associado a Lula e ainda recebe 24,18% do eleitorado de Romeu Zema. De Viana, ele recebe 32,10% dos votos. 

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Viana, por sua vez, herda 17,40% dos votos de Zema quando tem o nome vinculado ao de Bolsonaro, e 9,95% dos eleitores de Kalil migram para Viana.

A pesquisa foi contratada pela Sempre Editora. Os dados foram coletados de 27 de maio a 1º de junho de 2022. Foram realizadas 2.000 entrevistas domiciliares. A margem de erro é de 2,19 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número BR-00448/2022 e no TRE por MG-05705/2022.

Confira a pesquisa completa no vídeo abaixo:

'Lulema': maioria dos lulistas vota no governador

Confirmando com números o que as declarações de apoio indicavam, a maior parte dos eleitores que votam em Lula escolheria Romeu Zema, se a disputa fosse hoje, formando o chamado “Lulema”. Enquanto 31% desse público escolheria Alexandre Kalil, 37,50% votariam no governador.

No caso dos votos de Bolsonaro, de um modo geral, 65,36% de seus votos vão para Zema, e 13,04%, para Kalil.

Dos eleitores de Felipe D’Ávila, nenhum escolheria Kalil como nome para o governo de Minas: 80% preferem o atual governador, e 20%, o senador Carlos Viana.

“O que parece acontecer é que, quando informamos aos eleitores sobre os apoios políticos já definidos, Kalil, que é o candidato do Lula ao governo do Estado, conquista os votos antes direcionados a Zema. A mesma coisa ocorre quando informamos o apoio de Bolsonaro a Carlos Viana – votos que antes eram de Zema, migram para Viana”, analisa Audrey Dias, doutora em ciência política e coordenadora da pesquisa DATATEMPO.