O diretor político do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Minas Gerais (Sindpúblicos-MG), Geraldo Henrique, criticou a falta de recomposição salarial da categoria no Estado, cuja defasagem atingiria principalmente carreiras com vencimentos abaixo do salário mínimo. Durante entrevista ao programa Café com Política, exibido nesta segunda-feira (23 de junho) no canal no YouTube de O TEMPO, o sindicalista também questionou a ausência de diálogo por parte do governo Zema e analisou o contingenciamento de gastos proposto pelo Palácio Tiradentes.

De acordo com Geraldo, em 2022 e 2024, não houve recomposição para os servidores, enquanto a inflação ultrapassou os 5% naqueles anos. Em 2025, até então, também não há perspectiva para que ocorra. Em abril, o secretário de Fazenda do governador Romeu Zema (Novo), Luiz Cláudio Gomes, disse que o Estado não deveria dar reajuste aos servidores neste ano. No mês seguinte, o vice-governador Mateus Simões (Novo) reafirmou que a concessão de um reajuste salarial geral para os servidores estaduais estaria condicionada à derrubada de dois vetos presidenciais ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

Para o Sindpúblicos-MG, essa falta de reajuste pode refletir especialmente nos servidores que recebem valores abaixo do salário mínimo. “Isso, para nós, é uma história, uma luta que, infelizmente, a gente não vê boa vontade por parte do governo Zema de resolver. O Zema acha que, pelo fato de estar pagando em dia, ele resolveu todos os problemas dos servidores públicos do Poder Executivo. Engano. Nós temos problemas em vários setores, e setores importantes que prestam serviços estratégicos para a sociedade”, diz Geraldo.

Para o diretor do sindicato, a alta na arrecadação do Estado mostra que há recursos para as recomposições. “A questão de recurso não é o problema. O problema, para nós servidores, é vontade política. Eu acho que não é prioridade para o governo Zema colocar essa pauta dos servidores públicos em dia”, afirma.

De acordo com o representante da categoria, ainda haveria uma dificuldade na comunicação com a gestão de Zema para as pautas envolvendo reajustes salariais.

Contingenciamento

Em abril, o Governo de Minas anunciou um contingenciamento de R$ 1,1 bilhão em recursos previstos para as secretarias estaduais em 2025,  valor que representa 0,8% do orçamento total do Estado. De acordo com nota do Executivo na ocasião, o objetivo seria impedir uma “calamidade” nas contas públicas.

Para Geraldo Henrique, esta medida se trataria mais de uma “questão política” do que econômica, considerando que o governador Romeu Zema é cotado para se candidatar à presidência da República em 2026.

“Se você analisar de forma generalizada, nós temos deficiências em vários serviços justamente por falta de investimento do próprio Estado. São áreas que precisam de mais investimento e que, infelizmente, o Estado fica aguardando. Talvez queira mostrar isso no ano de 2026, que é um ano eleitoral, mas eu acho que é uma situação que a sociedade tem cobrado e que nós, servidores públicos, estamos observando com critério, porque somos nós os prestadores de serviços, não somos valorizados, como eu disse, e sabemos que existe hoje um sucateamento do serviço público no Estado de Minas Gerais, porque as prioridades não são essas que a gente gostaria que fosse”, argumenta o diretor da categoria.