Embora possa mudar a partir deste mês com a disseminação do apoio do ex-presidente Lula (PT) a Alexandre Kalil (PSD), a mais recente pesquisa DATATEMPO mostra que o cenário eleitoral em Minas está estagnado. Candidato à reeleição, o governador Romeu Zema (Novo) se mantém na liderança e vence no primeiro turno quando levados em conta apenas os votos válidos e sem a participação dos presidenciáveis.  

Zema oscilou positivamente e retornou ao patamar registrado em novembro de 2021, com 45,7% das intenções de voto na pesquisa estimulada. Não se pode dizer que houve crescimento porque a variação ocorreu dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 2,19 pontos percentuais. 

Embora não seja possível uma comparação direta – porque os cenários testados são diferentes, o governador oscilou em torno de 45% em todas as quatro rodadas da DATATEMPO realizadas desde outubro do último ano. 

O cenário se repete com o principal adversário dele, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD). Apesar de ter deixado a prefeitura no fim de março e intensificado as viagens como pré-candidato desde então, Kalil atualmente tem 22,1% dos votos, patamar que também é similar ao registrado nas últimas quatro rodadas da pesquisa. 

O cálculo dos votos válidos — excluem-se brancos, nulos e quem não soube ou não respondeu — permanece indicando que há possibilidade de a eleição para governador de Minas acabar já no primeiro turno, com a vitória de Zema com 58,6% dos votos. Por esse cálculo, Alexandre Kalil chegaria a 28,3%. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) usa os votos válidos para declarar o resultado das eleições. 

"Os dados mostram os dois principais nomes na corrida para o governo do Estado estáveis desde o fim de 2021, variando sempre dentro da margem de erro”, afirma a cientista social e analista DATATEMPO, Bruna Assis.

“O início das campanhas eleitorais, com a divulgação das campanhas e apoios políticos por meio da TV, rádio e maior circulação nas redes sociais, além das viagens e comícios, pode mobilizar eleitores que hoje estão pouco interessados no debate para se posicionar com firmeza sobre sua intenção de voto e gerar uma migração de votos”, avalia ela.

Em terceiro lugar na pesquisa vem o senador Carlos Viana (PL). Ele oscilou negativamente de 4,2% em abril para 4% agora. O pré-candidato não participou das rodadas anteriores porque lançou a sua candidatura justamente em abril, após deixar o MDB e se filiar ao PL, de Jair Bolsonaro (PL). Até agora, no entanto, o apoio do presidente ficou apenas no papel e não houve demonstrações públicas de que Viana é, de fato, o palanque dele em Minas. 

O senador está tecnicamente empatado com outros quatro candidatos: Renata Regina (PCB), com 2,1%; Marcus Pestana (PSBD), 1,6%; Miguel Corrêa (PDT), 1,4%; e Lorene Figueiredo (PSOL), 1%. 

A pesquisa DATATEMPO, contratada pela Sempre Editora, realizou 2.000 entrevistas domiciliares entre os dias 27 de maio e 1º de junho. A margem de erro é de 2,19 pontos percentuais, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-00448/2022 e no TRE com o número MG-05705/2022. 

Espontânea 

Apesar da estagnação no cenário estimulado, a pesquisa espontânea indica que ainda há margem para alterações significativas nas intenções de voto dos pré-candidatos. Nesta modalidade, o nome dos concorrentes não é apresentado aos eleitores. Dessa forma, a pesquisa espontânea serve para medir a consolidação dos votos de cada candidato. 

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Segundo a pesquisa DATATEMPO, mais da metade dos entrevistados, 54,3%, não sabem ou não responderam em quem votariam para o governo de Minas. O candidato com o voto mais consolidado é Romeu Zema, que foi citado por 23,1% dos eleitores. 

Alexandre Kalil vem em segundo, com 9,3%, seguido de Aécio Neves (PSDB) com 1,2%. Ex-governador de Minas, o tucano, pelo menos até o momento, não é pré-candidato ao Palácio Tiradentes. Carlos Viana é o quarto. Ele foi lembrado por 0,2% dos entrevistados.  

Também foram citados outros nomes que não estão na disputa para o governo de Minas, como “candidato do PT” e “Lula”, que registraram 0,2% das menções cada um. Lula e o PT apoiarão Alexandre Kalil. Outros nomes somaram 1,1%,e 10,7% dos eleitores disseram que votarão em branco, nulo ou em ninguém. 

Zema vence Kalil e Viana em eventual segundo turno 

A pesquisa também mediu cenários de segundo turno para as eleições em Minas Gerais. O governador Romeu Zema seria reeleito tanto contra Alexandre Kalil (52,2% a 31,5%) quanto contra Carlos Viana (60,3% a 16,2%). 

O único cenário em que Kalil sairia vencedor, neste momento, é se enfrentasse Viana, que é seu ex-aliado e ex-companheiro de PHS e de PSD. O ex-prefeito de Belo Horizonte atualmente tem 42,6% dos votos contra 19% do senador. 

Retirada da candidatura de Viana não altera cenário neste momento 

Além do cenário principal que testou o nome de todos os pré-candidatos colocados até agora, a pesquisa também realizou dois cenários alternativos.  

No primeiro deles, a candidatura de Carlos Viana foi retirada. Essa hipótese tem sido considerada cada vez mais possível nos bastidores da política mineira por causa dos acenos de Bolsonaro a Zema e da ausência do senador em eventos na Fiemg e na Associação Mineira de Municípios (AMM) recentemente. Viana, no entanto, afirma que sua candidatura está de pé. 

Embora seja visto como alguém que pode herdar votos do eleitorado bolsonarista, que hoje está com Zema, a pesquisa DATATEMPO mostra que, neste momento, o impacto da saída do senador da corrida eleitoral é reduzido, já que ele tem apenas 4% dos votos. 

Sem Carlos Viana, Zema cresce 1,7 ponto percentual e chega a 47,4% das intenções de voto. Já Kalil registra aumento de 2,3 pontos percentuais e vai a 24,2%.  

“Embora a maior parcela dos votos do senador (35,8%) migre para Zema – corroborando para a ideia de que os dois candidatos partilham uma parcela do eleitorado –, os baixos números de Viana em um cenário em que o primeiro colocado tem ampla vantagem em relação aos demais, não gera alterações consideráveis na disputa”, explica Assis. 

Ela avalia, no entanto, que a dinâmica é diferente quando os candidatos a governador são apoiados por presidenciáveis. Zema perde 17,4% dos votos quando Viana é apoiado por Bolsonaro.

“Assim, embora sozinho Carlos Viana não tenha força numérica para roubar ou ceder votos para o atual governador, com o apoio de Bolsonaro, Carlos Viana tira votos importantes da base de Zema, enfraquecendo a posição confortável na qual se encontra”, conclui a analista DATATEMPO.

O segundo cenário alternativo mantém Viana na disputa, mas retira Marcus Pestana (PSDB). Assim como no cenário anterior, como Pestana tem um patamar baixo de votação (1,6%), a saída dele pouco altera a disputa. 

Nesse caso, a intenção de voto do governador aumenta 1,1 ponto percentual, para 46,8%. Alexandre Kalil cresce em ritmo similar (1,3 ponto percentual) e vai a 23,4% dos votos. Em ambos os cenários, Zema continua ganhando no primeiro turno quando são levados em conta os votos válidos.

Confira a pesquisa completa abaixo: