O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou neste sábado (21) que "não há nada de concreto" a respeito da possível abertura da fronteira para permitir que os cidadãos brasileiros deixem a região da Faixa de Gaza.
"Ainda não temos nada concreto (...) houve a abertura da fronteira pela passagem de Rafah, apenas para a entrega de ajuda humanitária, espero que tão logo possível, que se permita a saída desses brasileiros e também de pessoas de outras nacionalidades", disse Vieira.
O chanceler proferiu essas declarações antes de sua participação na cúpula convocada pelo Egito com o propósito de abordar a crise humanitária que se desencadeou em decorrência do conflito em curso na região do Oriente Médio.
É Vieira quem representa o Brasil no evento, que aconteceu neste sábado na capital egípcia, Cairo. Também participaramm, além de Brasil e Egito, representantes de Jordânia, Catar e Turquia, de outros países do Oriente Médio e da Europa.
Críticas ao Conselho de Segurança da ONU
Durante a cúpula, Vieira apontou uma "paralisia" do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) em relação à guerra entre Israel e Hamas que "está a ter consequências prejudiciais para a segurança e a vida de milhões de pessoas".
Na última quarta-feira (18), o Brasil, que preside o grupo neste mês de outubro, teve ampla maioria em uma proposta sobre a guerra, mas um veto dos Estados Unidos não permitiu o avanço do tema, alvo de negociações. A proposta brasileira citava, entre outros pontos, “os ataques terroristas atrozes do Hamas que ocorreram em Israel a partir de 7 de outubro de 2023 e a tomada de reféns civis”. Além disso, incentivava "o estabelecimento de corredores humanitários e outras iniciativas para a entrega de ajuda humanitária a civis”.
Uma das justificativas do governo americano para o veto foi a de que o país ficou "desapontado" por o texto não mencionar o direito de autodefesa de Israel em meio ao conflito. A explicação foi dada pela embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield.
O chanceler brasileiro disse que irá presidir, na próxima terça-feira (24), mais um debate no Conselho de Segurança da ONU sobre situação do Oriente Médio, incluindo a questão da Palestina. "Sugiro que continuemos essa conversa lá, no mais alto nível possível, na tentativa de continuar buscando consenso para ação imediata", disse, em Cairo, no Egito.
Mauro Vieira repetiu, na cúpula, que recebeu como missão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "somar voz a todos aqueles que pedem calma, moderação e paz na região".