O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, apontou uma "paralisia" do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) em relação à guerra entre Israel e Hamas que "está a ter consequências prejudiciais para a segurança e a vida de milhões de pessoas". "Isto não é do interesse da comunidade internacional", disse neste sábado (21) durante a cúpula convocada pelo Egito para discutir a crise humanitária no Oriente Médio.
Na última quarta-feira (18), o Brasil, que preside o grupo neste mês de outubro, teve ampla maioria em uma proposta sobre a guerra, mas um veto dos Estados Unidos não permitiu o avanço do tema, alvo de negociações. A proposta brasileira citava, entre outros pontos, “os ataques terroristas atrozes do Hamas que ocorreram em Israel a partir de 7 de outubro de 2023 e a tomada de reféns civis”. Além disso, incentivava "o estabelecimento de corredores humanitários e outras iniciativas para a entrega de ajuda humanitária a civis”.
Uma das justificativas do governo americano para o veto foi a de que o país ficou "desapontado" por o texto não mencionar o direito de autodefesa de Israel em meio ao conflito. A explicação foi dada pela embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield.
O chanceler brasileiro disse que irá presidir, na próxima terça-feira (24), mais um debate no Conselho de Segurança da ONU sobre situação do Médio Oriente, incluindo a questão da Palestina. "Sugiro que continuemos essa conversa lá, no mais alto nível possível, na tentativa de continuar buscando consenso para ação imediata", disse, em Cairo, no Egito.
Mauro Vieira repetiu, na cúpula, que recebeu como missão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "somar voz a todos aqueles que pedem calma, moderação e paz na região". "Considerando que sempre haverá aqueles dispostos a colocar lenha na fogueira, o Brasil irá apelar ao diálogo", declarou.
"O governo brasileiro rejeita e condena inequivocamente os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas em Israel no dia 7 de outubro, bem como a tomada de reféns civis. Cidadãos brasileiros estão entre as vítimas, três deles foram assassinados em Israel", disse.
O ministro acrescentou que, "nas últimas décadas, não testemunhamos nenhum vencedor neste conflito prolongado" e que "a população civil continua a ser a principal vítima da falta de diálogo e do ressentimento cada vez maior". O chanceler também demonstrou preocupação com a situação na Faixa de Gaza, que tem brasileiros à espera de resgate.