Investigação

Joias sauditas: PF deve ouvir pai de Mauro Cid, general do Exército, nesta terça

Lorena Cid é apontado como o responsável por negociar joias que deveriam ir para patrimônio da União

Por Renato Alves
Publicado em 26 de março de 2024 | 08:03
 
 
Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, trabalhou na Apex Brasil Foto: Reproduçaõ/PR

O general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, presta depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (26). Ele será ouvido no âmbito da investigação sobre as joias doadas pela Arábia Saudita ao governo brasileiro e que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou vender. 

Lourena Cid é apontado como o responsável por negociar os itens no exterior. O rosto dele aparece no reflexo em um estojo de joias sauditas que estavam à venda nos Estados Unidos. Seria parte das joias que Bolsonaro recebeu em visita à Arábia Saudita, mas que, pela legislação brasileira, deveriam ser incorporadas ao patrimônio da União.

A PF recuperou conversas datadas de 4 de janeiro de 2023, nas quais Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pede para que o pai tirasse foto das joias. Em seguida, ele manda as fotos de dois objetos: uma palmeira e um barco dourados. São essas imagens que mostram o reflexo de Lourena Cid.

Bolsonaro ganhou joias e presentes no exercício do mandato, e investigações da PF mostram que os itens começaram a ser negociados nos EUA em junho de 2022. Entre elas estava um kit de joias com um relógio da marca Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico entregue em uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.

A PF apura se os valores obtidos na comercialização desses objetos teriam sido convertidos em dinheiro vivo e “ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”.

A defesa de Lourena Cid disse que o interrogatório já estava marcado, antes de Mauro Cid voltar a ser preso, na sexta-feira (22), por causa da divulgação dos dados em que ele critica investigação da PF sobre suposta trama golpista e ataca o ministro Alexandre de Moraes, do supremo Tribunal Federal (STF). Lorena Cid também pode ser questionado sobre o conteúdo das mensagens do filho.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, o general da reserva Mauro Lourena Cid ocupou um cargo na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), nos Estados Unidos. Ele recebia R$ 63 mil pela função, além do rendimento que tinha como reservista do Exército. O oficial da reserva foi colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) durante os anos 1970. Seu filho era um dos mais próximos assessores de Bolsonaro.