PLANEJAMENTO

Poder de compra e fechamento de empresas são desafios para segundo governo Zema

O governador de Minas Gerais tomou posse nesse domingo (1º) prometendo dedicação para ampliar os empregos no Estado. Expectativa é por retomada de vagas após a pandemia

Por Gabriel Ronan
Publicado em 02 de janeiro de 2023 | 15:33
 
 
Governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) falou em garantir emprego de qualidade para todos em seu segundo mandato Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

Em sua posse nesse domingo (1º/1), o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) voltou a bater na tecla do desenvolvimento econômico do Estado. Em diversas oportunidades, o chefe do Executivo e seu vice Professor Mateus Simões (Novo) falaram em ampliar os empregos e melhorar as condições para abertura de empresas no segundo mandato que se inicia. Muito além das declarações, a administração estadual terá dois principais desafios nos próximos quatro anos: estancar o fechamento de companhias privadas e ampliar o poder de compra do mineiro. 

Entre 2019 e 2022, durante seu primeiro mandato, Zema viu Minas Gerais perder 180.054 empresas. O Estado contava com 2.404.327 CNPJs no primeiro ano de governo e fechou 2022 com 2.224.273 – queda de 7,5%. Ainda que o dado assuste, ele está melhor que a média nacional, já que o Brasil perdeu 10% de suas companhias privadas no período analisado. "O destaque do desempenho negativo em Minas fica por conta do comércio, que teve um fechamento de 25,3% das empresas entre 2019 e 2022. Isso se deve muito à pandemia. Muitas empresas, principalmente do comércio de rua, fecharam as portas até pela mudança nos hábitos dos consumidores, que agora estão mais voltados à internet e delivery", diz Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela curadoria dos dados. 

O fechamento de empresas em Minas resultou numa inconstância significativa na geração de empregos durante o primeiro mandato de Zema. Em 2019, o Estado abriu 97,7 mil vagas. Um ano depois, diante do isolamento social forçado pela pandemia da Covid-19, esse dado caiu para 36,6 mil novos postos. Em 2021, a mesma estatística saltou para 318,7 mil novos empregos, mas sofreu nova queda no ano passado, quando Minas abriu 227.073 vagas de trabalho. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Além da área do comércio, Minas viu uma desaceleração no número de indústrias durante o primeiro mandato de Zema: de 429 mil em 2019 para 406 mil no ano passado, queda de 5,3%. Novamente, porém, o Estado teve desempenho melhor que a média nacional, que foi de -10,6%. A administração de Zema também teve números melhores que os brasileiros quanto à abertura de empresas ligadas ao agronegócio e ao setor de serviços. Ainda assim, chama a atenção que boa parte dessas companhias é formada por microempreendedores individuais: 65,5% dos CNPJs abertos em Minas no ano passado eram ligados à MEIs.

Poder de compra aquém da média nacional

A geração de empregos, em tese, reflete diretamente no poder de compra da população. Com mais vagas disponíveis, mais gente é remunerada, o que amplia a circulação do dinheiro. Mas, o que se viu em Minas no primeiro mandato de Zema foi um recuo na capacidade do mineiro de consumir – o que pode indicar baixa qualidade nos quase 700 mil empregos criados em quatro anos. 

"Em termos de consumo, Minas Gerais teve uma queda de 1,28% entre 2019 e 2022, sendo que a melhor participação do Estado aconteceu em 2020, no ano em que a pandemia começou, quando a cada R$ 100 gastos no Brasil, R$ 10,24 foram de responsabilidade da população mineira. Esse número caiu para R$ 10,13 em 2021 e R$ 10,04 no ano passado. Ou seja, há uma tendência de queda ainda maior”, afirma Marcos Pazzini, responsável pela pesquisa IPC Maps, que levantou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para medir o poder de compra da população. 

De acordo com Pazzini, o que pesa a favor de Zema é o grande número de vagas de emprego abertas. Para o pesquisador, caso o Estado mantenha os resultados além da média nacional, há possibilidade de o poder de compra da população melhorar, desde que essas novas companhias ofereçam, de fato, melhores condições de trabalho. 

Dessa maneira, o número de empresas abertas precisa ser visto com cuidado. Até porque os MEIs, apesar de entrarem para o balanço, dificilmente têm capacidade de gerar novos empregos.“Você também tem a questão do funcionário que era CLT, mas que virou MEI para a empresa deixar de ter os encargos sociais tão altos”, afirma Marcos Pazzini.

Prioridade

Durante a cerimônia de posse na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Romeu Zema, mais uma vez, reafirmou que uma das prioridades do seu governo é melhorar a qualidade do emprego do cidadão. “Seguiremos avançando em todas as áreas, fortalecendo os serviços públicos e a economia para que possa se realizar o sonho de termos um emprego digno para cada mineiro. O sonho de dizer que aqui em Minas só não trabalha quem não quer, pois igualdade de oportunidades haverá para todos”, disse.