Pedro II, onde o imperador nunca pôs os pés, é um lugar curioso no Piauí. Para começar, a cidade de 39 mil habitantes e a três horas de Teresina, ostenta o apelido de "Suíça Piauiense". E, apesar dos esforços dos Brandão e dos Mourão, famílias que dominam a cidade desde o final do século XVIII, não foi pela política que se tornou conhecidomundo afora. Nos anos 40, descobriu-se que os morros de Pedro II tinhammais que belas cachoeiras e mirantes: neles, estão as únicas jazidas de opala extra, pedra de reflexos multicoloridos que só é encontrada na Austrália.
Fora isso, há três anos o município é sede de um festival de inverno que acontece durante quatro dias de outono e cuja principal atração são os shows de jazz. Para completar, Pedro II ganhou mais um item em sua lista de atrações: descobriu-se lá a menor bromélia do país. Nada que desbanque a opala do posto de orgulho municipal número 1, no entanto. Apesar de a cidade se vender comoa única do Brasil onde se encontra a gema, basta engatar umpapo com os garimpeiros da mina do Boi Morto
- a maior entre as 30 da região e única aberta à visitação - para aprender que não é bem assim como falam. A pedra já foi encontrada em outras 20 localidades do Estado, mas na coloração alaranjada. A opala extra, que é transparente e reflete as cores do arco-íris, é mesmo patrimônio do lugar. Um grama da gema sai pela bagatela de R$ 300. Em Pedro II, se ainda falta ousadia às jóias, ela sobra ao Festival de Inverno. Os menos de 150 leitos à disposição dos turistas seriamumobstáculo e tanto ao evento. Seriam, não fosse o esforço da prefeitura e do Sebrae para criar uma rede de hospedagem domiciliar, ao estilo cama e café. Se não pelo design, as jóias se destacam em meio a cachaças, redes, rendas e outros produtos expostos na praça Domingos Mourão, que divide com a da Bonele a sede do evento. Enquanto numa está a feirinha, na outra ficamas barraquinhas de comes e bebes por onde os visitantes se espalhampara curtir shows. (Luciana Brum- Agência O Globo)