A irmã de Juliana Marins, Mariana Marins, falou nesta quarta-feira (2) sobre a autópsia no corpo da jovem, realizada pela manhã no Brasil. O procedimento, confirmado anteriormente pelas autoridades, foi feito no Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro para esclarecer as circunstâncias da morte da brasileira após um acidente em trilha na Indonésia.
Segundo Mariana, o resultado do laudo deve sair em aproximadamente sete dias. “Eu quero agradecer muito a todo mundo que fez parte desse movimento para essa autópsia acontecer, tanto o IML, quanto a PGE, quanto a Polícia Federal, quanto a União”, disse Mariana nos stories.
A realização da nova perícia no Brasil foi autorizada pela Justiça Federal em audiência realizada na terça-feira (1º). O corpo de Juliana chegou ao país também nessa terça, transportado pela Força Aérea Brasileira de Guarulhos até a Base Aérea do Galeão, no Rio.
A irmã de Juliana destacou a importância de ter o procedimento realizado no Brasil. "É muito importante para gente conseguir ter esse resultado também, né? De autópsia aqui no Brasil", disse. A família solicitou este novo exame para determinar com precisão o momento do falecimento e identificar possíveis evidências não detectadas na autópsia indonésia.
O apoio recebido durante todo o processo, incluindo a transferência do corpo para o país, também foi reconhecido por Mariana. “Muito obrigada também a todo mundo que está torcendo para que tudo dê certo. Muito obrigada também a todo mundo que estava torcendo para a Juliana chegar ao Brasil”, afirmou.
O que se sabe até agora
Juliana sofreu uma queda no Monte Rinjani, em Lombok, no dia 20 de junho, durante uma trilha. Apesar de ter sido vista com vida após o acidente, as equipes de resgate só a alcançaram no dia 24, quando já estava morta. A retirada do corpo ocorreu apenas no dia 25.
O legista indonésio identificou múltiplas fraturas e hemorragia interna grave como causas prováveis da morte.A estimativa inicial sugere que Juliana pode ter sobrevivido aproximadamente quatro dias após a primeira queda.
O acidente aconteceu em área remota do Monte Rinjani. Imagens captadas por um drone operado por turistas espanhóis no dia 21 mostraram Juliana a cerca de 200 metros da trilha principal, em terreno com muitas pedras soltas e vegetação escassa.
Evidências indicam que a brasileira pode ter sofrido quedas múltiplas. No vídeo do dia 21, ela aparece sentada e se movimentando em local íngreme. Quando encontrada no dia 24, estava em área mais plana, a aproximadamente 650 metros da borda da trilha.
Existem inconsistências sobre o momento exato do óbito. A Basarnas, agência de buscas indonésia, informou a família que Juliana foi encontrada sem vida na noite de terça (24), por volta das 11h no horário brasileiro. O legista local, porém, estimou a morte entre 14h de terça e 2h de quarta no horário do Brasil.
A determinação precisa do momento do falecimento foi complicada pelas condições do corpo e pelo intervalo até a primeira autópsia, realizada apenas na noite de quinta (26), após transporte em freezer por várias horas até Bali.
Familiares têm manifestado em redes sociais que consideram o resgate indonésio negligente e buscam esclarecimentos sobre o caso. Autoridades policiais de Lombok anunciaram na segunda-feira (30) que já colheram depoimentos de testemunhas e inspecionaram o local para verificar possíveis irregularidades relacionadas ao caso.
Um detalhe relevante foi a vestimenta inadequada de Juliana para as condições climáticas locais. Ela usava apenas calça, camiseta de manga curta, luvas e botas quando foi avistada pela primeira vez, sem agasalho apropriado para temperaturas que podem chegar a 4 °C durante a noite.
A demora no resgate foi amplamente questionada pelos familiares. As autoridades locais atribuíram o atraso às dificuldades do terreno, altitude e condições climáticas adversas, que interromperam as buscas várias vezes.
O Parque Nacional Monte Rinjani não mantém equipe especializada permanente, diferentemente do sistema brasileiro. Quando ocorrem acidentes, é necessário mobilizar socorristas, voluntários e equipamentos específicos para iniciar as operações de busca.