O médico-legista Ida Bagus Putu Alit, do Hospital Bali Mandara, na Indonésia, apresentou nesta sexta-feira (27) as conclusões da autópsia de Juliana Marins. A jovem brasileira realizava uma trilha no Monte Rinjani, em Lombok, quando se acidentou. Segundo o exame, uma das quedas sofridas a matou em aproximadamente 20 minutos.
A primeira queda ocorreu durante a madrugada do último sábado (21), segundo o horário da Indonésia, quando Juliana e um grupo de outros turistas desciam a trilha que leva ao cume do vulcão. Horas depois, a brasileira foi filmada por um drone de montanhistas espanhóis. As imagens são as últimas em que Juliana aparece se movendo.
Em entrevista no saguão do hospital de Bali, Alit afirmou que o estimado é "que a morte ocorreu de 12 a 24 horas antes da chegada ao hospital [em Mataram]", ou seja, a morte teria ocorrido entre a noite de terça (24) e a manhã de quarta (25). Posteriormente, ele confirmou à BBC que "a vítima morreu em 25 de junho, entre 1h e 13h (horário local de Lombok, na Indonésia)".
Apesar disso, o relatório da Basarnas, agência de buscas e resgates do país, detalhou ter encontrado o corpo da brasileira já sem vida na noite de terça-feira (24), também conforme o horário local. A morte de Juliana foi anunciada pela família às 22h de terça, segundo horário de Lombok. No horário de Brasília, a informação foi divulgada às 11h de terça.
Veja a cronologia do caso
- Sábado (21), às 4h da manhã em Lombok — aproximadamente 17h de sexta-feira (20) no Brasil: Juliana cai e desaparece durante uma trilha no Monte Rinjani.
- Sábado, às 7h em Lombok — por volta das 20h de sexta no Brasil: Imagens de drone captadas por montanhistas espanhóis registram Juliana ainda com vida.
- Sábado, às 9h40 em Lombok — 22h40 de sexta no Brasil: O acidente é comunicado oficialmente à administração do Parque Nacional de Rinjani.
- Domingo (22): As equipes de resgate iniciam as buscas, mas não conseguem localizar Juliana. As condições meteorológicas dificultam os trabalhos.
- Segunda-feira (23), às 6h30 em Lombok — 19h30 de domingo no Brasil: Um drone operado pelas equipes de resgate da Indonésia volta a identificar Juliana, agora imóvel.
- Terça-feira (24), às 22h em Lombok — 11h no Brasil: A família confirma publicamente a morte de Juliana.
- Quarta-feira (25), entre 1h e 13h em Lombok — entre 12h de terça-feira (24) e 00h de quarta-feira (25) no Brasil: Horário da morte segundo a autópsia.
- Quarta (25), às 13h50 em Lombok — 2h50 no Brasil: O corpo é içado do penhasco e transportado pelos socorristas de volta ao topo da trilha.
- Quarta, às 15h50 em Lombok — 4h50 no Brasil: O corpo chega ao ponto de descanso de Pelawangan, área usada como base de apoio nas montanhas.
- Quarta, às 20h40 em Lombok — 9h40 no horário do Brasil: O corpo é entregue ao Hospital Bhayangkara, na cidade de Mataram, capital da ilha de Lombok.
- Quinta-feira (26), às 11h35 em Lombok — 0h35 no Brasil: O corpo é transferido ao Hospital Mandara, já na ilha vizinha, onde foi realizada a autópsia.
Quando Juliana morreu?
A informação é incerta, considerando a divergência entre as autoridades.
A autópsia apontou que "fraturas múltiplas e lesões internas praticamente em todo o corpo, incluindo órgãos internos do tórax" mataram a brasileira Os ferimentos foram causados durante uma queda, mas não se sabe em qual, visto que a jovem foi observada diferentes pontos do desfiladeiro.
A jovem morreu de forma "quase imediata", cerca de 20 minutos após cair. "O que temos como evidência: não há sinais de que a vítima tenha sobrevivido por muito tempo", declarou Alit sobre a morte de Juliana.
Quantas vezes Juliana caiu?
A brasileira foi vista em três profundidades diferentes. Horas após a queda, ela estava entre 150 e 200 metros de profundidade em relação à trilha. Na segunda-feira, a 400 metros. Na terça-feira, quando a morte foi constatada, ela estava a 600 metros de profundidade.
Quando o corpo de Juliana chega ao Brasil?
Já liberado após a conclusão da autópsia, o corpo de Juliana Marins, ainda não tem retorno definido pelo Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revogou o decreto que impede o governo de pagar o translado do corpo de brasileiros que morreram fora do país. Segundo determinação dele, o Itamaraty irá custear o retorno do corpo de Juliana ao Brasil.
O que diz a família de Juliana Marins?
Familiares de Juliana manifestaram indignação através de conta criada nas redes sociais para divulgar o caso. "Juliana sofreu uma grande negligência por parte da equipe de resgate. Se a equipe tivesse chegado até ela dentro do prazo estimado de 7h, Juliana ainda estaria viva", publicaram. Em outra mensagem, afirmaram que "Juliana merecia muito mais" e que vão "atrás de justiça por ela, porque é o que ela merece!"
O monte indonésio atrai numerosos turistas aventureiros, apesar dos desafios que apresenta. Juliana foi o décimo caso de morte no local desde 2020, tendo o número de acidentes (fatais ou não) aumentado no período. A área onde ocorreu a queda possui um caminho estreito de aproximadamente um metro de largura, com um trecho particularmente íngreme, que exige atenção redobrada dos montanhistas.