O guia de turismo Ali Musthofa, que acompanhava a brasileira Juliana Marins quando ela caiu de um penhasco durante uma trilha no monte Rinjani, na Indonésia, afirmou em novas entrevistas que gostaria de pedir perdão a ela, mas que fez de tudo para salvá-la. A publicitária de 26 anos foi encontrada morta quatro dias depois da queda, em junho passado.

Responsável pelo grupo em que Juliana estava, o jovem de 20 anos concedeu entrevistas a canais do YouTube, como os de Denny Sumargo, na Indonésia, e Brunno Tavarez, no Brasil.

Musthofa afirma que tentou ajudar a brasileira e que, se pudesse voltar atrás, teria feito ainda mais. "Eu realmente sinto muito por tudo o que aconteceu. Se eu pudesse voltar no tempo, talvez me dedicasse ao máximo para fazer qualquer coisa por ela", declarou.

Ele relatou que, por Juliana não ter experiência em montanhismo, foi oferecido a ela um pacote com guia particular. No entanto, a publicitária teria pelo passeio compartilhado, provavelmente por causa do preço.

O valor do guia privado é de aproximadamente US$ 260 (R$ 1.440), enquanto o compartilhado custa cerca de US$ 160 (R$ 886).

Preocupação com outras pessoas

Musthofa afirma que Juliana era a mais lenta do grupo e que percebeu que ela estava muito cansada. "Mas, no pacote compartilhado, eu tinha seis pessoas. Os demais seguiram adiante. Fiquei preocupado com o grupo da frente, porque, quando você chega e sai do cume do Rinjani, é muito perigoso", disse.

O guia voltou a relatar que deixou Juliana sozinha por um momento, orientando-a a esperá-lo no mesmo local enquanto ele verificava a situação dos outros turistas.

Ao voltar ao ponto combinado, a brasileira não estava mais lá. "Esperei 30 minutos e ela não chegou", disse. Ele então afirma ter avistado uma luz de lanterna cerca de 150 metros abaixo. "Tive a sensação de que era a Juliana. Entrei em pânico."

Segundo Musthofa, quando percebeu que ela havia caído, ele gritou para que ficasse parada e não se movesse. "Ela só conseguia dizer: 'Help me' [me ajude, em inglês]", relatou.

Encontro com pai e irmã de Juliana

O guia também contou ter encontrado o pai e a irmã de Juliana depois do acidente e dado explicações sobre a queda. 

"Eles ficaram com raiva, gritaram que eu a matei. Eu disse que aceito qualquer consequência. Falei com sinceridade: fiz o máximo que pude para salvar Juliana. Infelizmente, Deus quis de outro jeito", disse Musthofa em uma das entrevistas.

"Peço desculpas à família dela e aos brasileiros pelo meu fracasso. Aos indonésios, peço desculpas também", completou. 

Proibido de ir ao monte

Agora, Musthofa afirma que está proibido de se aproximar do monte e diz sentir falta do local, que escala desde criança. Durante a entrevista, o youtuber brasileiro Brunno Tavarez contou que tentou subir o Rinjani com ele, mas o guia foi barrado. "Eu gostaria de ir lá nem que fosse apenas para um passeio, mas não é possível", lamentou.

Ele recomenda que turistas interessados em montanhismo se preparem antes da viagem. "Rinjani não é fácil. É difícil, precisa se preparar e checar suas condições. Escolha a opção de um guia privado, essa é a melhor opção, dá mais segurança para você", afirmou.