União de povos

Campanha mundial arrecada 7,4 bi de euros para financiar vacina contra Covid-19

Pop star Madonna dou um milhão de dólares para a iniciativa

Por AFP
Publicado em 04 de maio de 2020 | 13:56
 
 
 
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Uma conferência de doadores organizada online pela Comissão Europeia levantou 7,4 bilhões de euros (mais de 8 bilhões de dólares) para financiar o desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus, anunciou a presidente Ursula von der Leyen.

"Conseguimos. Alcançamos 7,4 bilhões de euros" em contribuições, declarou von der Leyen, afirmando que a estrela pop Madonna havia contribuído com um milhão de dólares para a campanha, que pretendia arrecadar 7,5 bilhões de euros.

A Comissão Europeia deu início a essa maratona virtual de arrecadação às 10h, com o anúncio de uma contribuição de € 1 bilhão.

França e Alemanha também anunciaram uma contribuição e a arrecadação total superou os € 2 bilhões, a partir de contribuições de € 500 e € 525 milhões desses países. Uma hora depois de começar a operação, já havia se alcançado € 5 bilhões. 

A vacina é "nossa melhor oportunidade coletiva para vencer o vírus", ressaltou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, organizadora da campanha. 

A pandemia já infectou 3,5 milhões de pessoas no mundo, sendo que 1,5 milhões delas são residentes da Europa, e já matou cerca de 250.000 - 143.000 deles só nesse continente - no planeta, segundo balanço da AFP feito a partir de números oficiais.

Governos, filantropos, empresários e famosos foram convidados a participar da maratona, e cerca de 40 países e uma série de organizações sociais também se dispuseram a participar. 

A iniciativa não contou com o apoio dos EUA. O presidente americano, Donald Trump, está em conflito com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e já manifestou sua vontade de que o seu país elabore uma vacina até o final do ano.

"Se cada um olhar apenas por si é um grande erro", lamentou o presidente francês, Emmanuel Macron.

"Devemos cooperar e não competir entre nós", afirmou também o rei Abdullah II, da Jordânia. 

"A União Europeia respondeu favoravelmente a um pedido global. Os Estados Unidos negaram. São eles que se isolam", lamentou uma autoridade europeia. "Nós trabalhamos de forma muito próxima a entidades americanas muito poderosas, como a fundação de Bill e Melinda Gates, que tem um enorme potencial financeiro e muita influência", ressaltou. 

"Faltará cinco vezes mais que essa quantidade" de dinheiro proposta pela arrecadação para o desenvolvimento e distribuição da vacina no mundo, explicou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

Caminhar solitário

"Temos que desenvolver uma vacina, produzir e disponibilizá-la por todos os lugares do mundo. E devemos fazer com que esteja disponível a preços acessíveis", ressaltou Ursula von der Leyen. 

Emmanuel Macron, defendeu que a vacina deve ser "um bem público mundial".

A primeira consequência da atitude de Washington de querer andar sozinho poderia ser que a rivalidade na corrida pela vacina aumente, algo temido pelos europeus. 

"Os Estados Unidos esperam vencer a guerra da vacina e estão prontos para colocar todas as suas forças nessa batalha", disse a analista Isabelle Marchais em um texto publicado nesta segunda-feira pelo Instituto Jacques Delors. 

Mais de 100 projetos de pesquisa estão em andamento em todo o mundo, oito dos quais já estão realizando ensaios clínicos nos Estados Unidos, China e Europa, disse Marchais. 

"Dados os desafios da atual pandemia, algumas empresas, principalmente americanas e chinesas, estão dispostas a começar a produzir antes que os ensaios clínicos terminem, para serem os primeiros a comercializar a vacina", afirmou o analista. 

"Caso percam a batalha, os europeus poderão se encontrar em uma posição de fraqueza perante os americanos ou os chineses", alertou. 

"No contrário, se a Europa produz uma vacina e a produz na Europa, podemos imaginar que (o continente europeu) será uma prioridade, enquanto depois poderá planejar a distribuição para outros países", explicou.

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