Coronavírus

Com três casos suspeitos, alerta no Brasil sobe para perigo iminente

BH tem o primeiro registro no Brasil, e Ministério da Saúde muda protocolo de identificação

Por Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2020 | 06:00
 
 
 
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Horas depois de confirmar ontem que investigava o primeiro caso de suspeita de coronavírus no país – o de uma jovem de Belo Horizonte –, o Ministério da Saúde anunciou outros dois, em Porto Alegre e em Curitiba.

O caso de Belo Horizonte é de uma estudante de 22 anos que esteve na cidade de Wuhan, na China, epicentro da doença que já matou mais de cem pessoas.

Com o primeiro registro no país, a pasta elevou o nível de alerta nacional para 2 (perigo iminente) e mudou o protocolo para identificar os casos suspeitos. Ao menos 14 pessoas que tiveram contato com a jovem são monitoradas.

Segundo o ministério, os três pacientes se enquadram na classificação por apresentarem sintomas como febre, tosse e dificuldade de respirar e terem histórico de viagem à China nos últimos 14 dias. Eles estão internados e ficarão isolados até que os resultados dos exames sejam divulgados, o que deve acontecer na sexta-feira.

Emergência

Na última semana, a pasta ativou um centro de operações de emergência para monitorar o registro de possíveis casos. O centro, formado por especialistas em emergência em saúde pública, foi ativado em nível 1, entre três possíveis, o que indica um alerta inicial, visando à preparação da rede de saúde.

“À medida que identificamos o primeiro caso que se enquadrou na definição de suspeitos, entramos no nível 2, que é de perigo iminente (de o vírus chegar ao país). A partir do primeiro caso confirmado, entramos em nível 3, e declaramos emergência de saúde pública de importância nacional”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira.

Atualmente, não há um teste rápido para o coronavírus, mas é possível fazer exames laboratoriais que verificam se o padrão do vírus é equivalente ao identificado na China.

Ainda de acordo com a pasta, desde o último dia 18, outros nove casos de pessoas com sintomas respiratórios chegaram a ser notificados por secretarias de Saúde para serem avaliados, mas nenhum se enquadrava na definição de suspeitos. Resultados de exames feitos nos pacientes também descartaram o quadro.

O Ministério da Saúde desaconselha viagens à China neste momento. Na segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) corrigiu a avaliação de risco diante do coronavírus de “moderado” para “alto”.

Confira a evolução dos casos de coronavírus no mundo. Clique aqui.

Os avanços da epidemia levaram o Ministério da Saúde a atualizar a definição de casos de suspeita. Antes, eram considerados suspeitos os casos de pessoas com sintomas respiratórios, como febre, tosse e dificuldade para respirar e com histórico de viagens à região de Wuhan nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas.

Agora, passam a ser suspeitos aqueles com viagens a toda a China 14 dias antes do início dos sintomas. O intervalo corresponde ao período de incubação do vírus – da infecção até os sintomas.

Em Wuhan, um casal de brasileiros e a filha de 10 anos estão isolados desde que a menina começou a apresentar sintomas. O resultado dos exames deve sair nesta quarta-feira. A embaixada brasileira acompanha o caso.

“É um momento de tranquilizar a população brasileira. Não temos hoje nenhum caso sustentado de circulação no Brasil.”
Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde

Contágio entre humanos fora da China

Surgiram ontem os primeiros casos de pessoas que contraíram o novo coronavírus fora da China, enquanto vários países organizavam a evacuação de seus cidadãos de Wuhan, epicentro de uma epidemia que deixou 131 mortos e cerca de 4.500 infectados desde o último 31 de dezembro.

Pelo menos 15 países foram afetados na Ásia, na Europa, na América do Norte e na Austrália, mas, desde o início da pneumonia viral em Wuhan, na China, não havia ocorrido transmissão entre humanos fora do gigante asiático.

A Alemanha, o segundo país afetado na Europa depois da França, relatou o primeiro caso de contágio entre humanos na Europa: um homem teve contato com uma chinesa. O Japão também anunciou um caso de transmissão em seu território de um sexagenário que transportou turistas de Wuhan em seu país.

“A epidemia é um demônio, e não podemos deixar esse demônio escondido”, disse o presidente chinês, Xi Jinping, referindo-se às acusações de esconder o coronavírus que causou centenas de mortes em 2002. O secretário norte-americano para a Saúde, Alex Azar, pediu ao governo chinês mais transparência na gestão da epidemia.

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