A Turquia iniciou uma operação militar no norte da Síria na tarde desta quarta-feira, uma ofensiva que suscita suspeitas da comunidade internacional e que tem como alvo combatentes curdos considerados terroristas por Ancara.
Regiões próximas da Turquia, especialmente os setores de Tal Abyad e Ras al Ain, foram bombardeadas pela aviação e artilharia turcas.
O Ministério da Defesa turco anunciou à noite que militares turcos e reforços sírios penetraram no país vizinho, marcando o início da fase terrestre da operação, mas as forças curdas declararam que essa incursão havia sido interrompida.
Pelo menos 15 pessoas, oito delas civis, morreram no início do ataque, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), que acrescentou que “milhares de deslocados” fugiam de áreas bombardeadas.
A ofensiva provocou uma avalanche de críticas internacionais. O Conselho de Segurança da ONU se reunirá hoje em caráter de urgência.
O presidente dos EUA, Donald Trump, considerou que a operação em Ancara é uma “má ideia”, embora a retirada, no início desta semana, de tropas norte-americanas de áreas fronteiriças na Síria tenham aberto o caminho para a ofensiva contra as milícias curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG).
Essa ofensiva é a terceira que a Turquia realiza na Síria desde 2016. Ela abre uma nova frente no conflito que já deixou mais de 370 mil mortos e milhões de deslocados desde 2011.
“As forças armadas turcas e o exército nacional sírio (rebeldes sírios apoiados por Ancara) começaram a operação Fonte de paz no norte da Síria”, anunciou o presidente da Turquia, Recep Erdogan, no Twitter.
A operação visa a permitir a criação de uma “zona de segurança” destinada a separar a fronteira da Turquia das posições curdas e a acolher refugiados, disse. O Ministério da Defesa turco havia informado que vítimas civis seriam evitadas – o que não ocorreu.
O governo turco vinha há tempos ameaçando atacar combatentes curdos que Ancara trata como “terroristas”. Ciente do ataque planejado, o governo dos Estados Unidos decidiu, no último fim de semana, retirar suas forças militares da região síria.
De olho em 2020
Trump prometeu acabar com as “guerras sem fim” do país. Mas, de olho na reeleição em 2020, busca um grande êxito diplomático para ostentar.