O partido do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou resolução, juntamente com o Foro de São Paulo, reconhecendo a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela. 

Segundo a secretaria internacional do PCdoB e representante do partido no Foro de São Paulo, “não existem provas que Maduro perdeu a eleição. A adesão à oposição na Venezuela é menor do que o apoio popular ao chavismo”. 

Destaca-se que o Partido dos Trabalhadores, por meio de sua Executiva Nacional, logo após as eleições presidenciais na Venezuela, já havia reconhecido como legítima a vitória de Maduro, dizendo ter sido uma “jornada pacífica, democrática e soberana” e que Maduro estava eleito. 

“O partido não divulgou a resolução pró-Maduro por temer repercussões negativas nas eleições municipais”, segundo fontes entrevistadas durante reportagem veiculada no site da CNN Brasil antes do pleito. 

Lula, por sua vez, ao contrário de todas as grandes democracia do mundo, que se manifestaram contrário a ditadura e as eleições do país vizinho, após um longo e tenebroso silêncio a respeito do tema, se manifestou em entrevista à Globo News, com as seguintes falas: 

“O problema da Venezuela será resolvido pela Venezuela. A oposição falou: eu ganhei as eleições, o Maduro falou, eu ganhei as eleições. O que estou pedindo, para poder reconhecer, quero saber se foi verdade os números; cadê a ata, cadê as aferições das urnas?"

Quando indagado se a Venezuela é uma ditadura, respondeu:
“Não. Não acho que é uma ditadura. É diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura...” 
Ao que tudo deixa transparecer, Lula tem dificuldades de se posicionar contra governos ditatoriais que sejam seus aliados, simpatizantes e de esquerda. O partido, por sua vez, toma atitudes (sem divulgá-las) com receio de desagradar seu eleitorado.

Vale lembrar que sua coligação, quando candidato à Presidência, acionou o TSE para retirar do ar uma matéria de conteúdo jornalístico do site “Gazeta do Povo” que explicava a relação de Lula com o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega. 

O pleito foi atendido à época pelo Tribunal Superior Eleitoral, proibindo as plataformas digitais, postagens que ligavam Lula, então candidato à Presidência, ao presidente da Nicarágua, em nome de combater a fake news. 

O risco de censores da liberdade de expressão, com desculpas de discurso de ódio, fake news, entre outros, é que a realidade não seja revelada e alcançada aos cidadãos.

Amanhã, em novas eleições, se demonstrarem que o atual governo apoia a ditadura de Maduro, vão dizer que é fake news, correndo o risco de proibirem postagens do gênero, certo que “Lula não enxerga o governo venezuelano como ditadura, apenas com um viés autoritário”. 

(*) Bady Curi Neto é ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral
de Minas Gerais (TRE-MG), advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial e professor universitário