David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talen

No ambiente corporativo, o tempo é um dos recursos mais valiosos e, quando mal gerido, pode impactar significativamente a produtividade e os resultados das empresas. Entre os principais responsáveis por esse desperdício estão as reuniões improdutivas. Longas, malplanejadas e sem objetivos claros, elas drenam a energia dos profissionais e comprometem a eficiência dos times.

Em um mundo acelerado e competitivo, evitar esse problema deve ser uma prioridade para líderes e gestores. Embora as reuniões sejam essenciais para alinhamentos organizacionais e discussões sobre estratégias, elas não precisam ser longas. Muitas vezes, podem nem ser necessárias ou, pelo menos, não na mesma frequência.

Tempo em reuniões

No 63º Relatório Estatístico de Reuniões Internacionais publicado em 2022, a União de Organizações Internacionais (UIA) estimou que o número de reuniões aumentará cerca de 34% até 2027. Isso representa tempo que poderia ser investido em atividades estratégicas, inovação e execução de tarefas que realmente agregam valor ao negócio. Além disso, reuniões excessivas geram frustração e desmotivação, impactando diretamente o engajamento da equipe. Ninguém quer ficar preso em discussões intermináveis que não levam a decisões concretas.

Para evitar essa armadilha, é essencial estabelecer critérios claros para a realização de reuniões. Antes de agendar um encontro, deve-se avaliar se o assunto pode ser resolvido por e-mail, mensagem ou um documento compartilhado. Se a reunião for realmente necessária, deve ter um objetivo bem-definido, uma pauta estruturada e um tempo-limite para ser concluída. O respeito à agenda e à pontualidade também é fundamental para garantir eficiência.

Valorizar resultados

Outro ponto importante é a escolha dos participantes. Muitas vezes, as reuniões se tornam improdutivas porque incluem pessoas que não têm uma contribuição direta para o tema em questão. Isso compromete a objetividade da discussão e desperdiça o tempo de profissionais que poderiam estar focados em tarefas mais estratégicas. Convidar apenas os envolvidos diretamente no assunto ajuda a manter o foco, evita dispersões e agiliza o processo de tomada de decisão.

A cultura corporativa também precisa evoluir para valorizar mais os resultados do que a quantidade de reuniões realizadas. Em algumas empresas, reuniões excessivas se tornaram sinônimo de produtividade, quando, na realidade, podem ser um reflexo da falta de planejamento e da insegurança na tomada de decisões. Os líderes devem incentivar um ambiente onde reuniões sejam utilizadas de forma estratégica, e não como um hábito automático e desgastante.

Saiba que gerir bem o tempo significa respeitar o capital intelectual da equipe. Reduzir reuniões improdutivas não é apenas uma questão de organização, mas também uma estratégia para otimizar recursos e melhorar a performance da empresa. Quando reuniões são bem conduzidas e utilizadas com moderação, elas se tornam ferramentas poderosas para alinhamento, inovação e crescimento. Caso contrário, representam apenas um desperdício disfarçado de produtividade.