O alto custo da educação no Brasil

Não surpreendeu ninguém a causa da disparada da prévia da inflação de janeiro. A alta de 0,78% do IPCA-15, divulgado pelo IBGE, foi puxada pelos gastos com educação, um ônus mais que conhecido e esperado pelas famílias todos os anos.

O item educação foi o que mais subiu no período, chegando a uma alta de 5,07%. Em Belo Horizonte, a alta da inflação da educação foi ainda maior que a média nacional: 5,54%.

Antes mesmo do fim de 2023 já havia sinais de que as despesas escolares de início de ano pressionariam o custo de vida. Um levantamento do site Mercado Mineiro com 46 escolas em novembro do ano passado indicava um reajuste médio de 8,2% nas mensalidades. Se levado em conta apenas o ensino médio, o aumento chegaria a 12,9%.

Mas não foi essa a única pressão inflacionária. Os gastos com material escolar também subiram acima da média: os itens de papelaria tiveram uma alta de 1,32% em Belo Horizonte, e leitura/livrarias, 2,88%.

Outro levantamento do mesmo site, em janeiro deste ano, mostrou reajustes de 30% no material escolar. O caderno de 200 folhas subiu 17,2%, e o lápis preto 18,5%. Isso, em listas cada vez mais extensas, e caras, apresentadas pelas escolas para o ano letivo.

Com base em dados do IBGE, em torno de 5% da renda familiar são gastos com a educação de um filho. A depender da escola em que os filhos estiverem matriculados, a despesa da pré-escola até a universidade pode passar de R$ 1,2 milhão.

E, mesmo diante de um impacto econômico tão grande, tanto no orçamento familiar quanto na inflação do país, os incentivos oficiais para os pais investirem na educação dos filhos são poucos. No Imposto de Renda da Pessoa Física, a dedução das despesas está limitada a R$ 3.561,50 por dependente. E nem todos os gastos são dedutíveis.

Educação é o maior patrimônio que uma sociedade pode acumular. Torná-la um custo inacessível para a maioria das famílias é uma receita quase certa para a perpetuação do atraso social e econômico de um país.