Até ontem, 16 pessoas já tinham sido mortas, na capital e no interior, em consequência do agravamento da situação política na Venezuela. O país rachou de vez, com dois presidentes e dois parlamentos disputando o poder, com chances de levar à guerra civil.
Por enquanto, o Supremo Tribunal de Justiça e os militares estão apoiando o presidente Nicolás Maduro, que acaba de assumir um segundo mandato, considerado ilegal por seus opositores e por várias nações do continente, como o Brasil e os Estados Unidos.
A União Europeia pede novas eleições, mas Rússia, China, Turquia e Irã, além de Cuba, Bolívia e Nicarágua, firmaram posição de apoio a Maduro, condenando qualquer possibilidade de intervenção externa, a mesma atitude que tomou o governo do México.
Intervir na Venezuela é uma das cartas que o presidente Trump disse que tem sobre sua mesa. Não é provável, no entanto, que EUA ou quaisquer outros países tomem essa iniciativa, pela quantidade de problemas que uma intervenção acarreta para quem a faz.
A melhor saída seria Maduro renunciar, com Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, ocupando interinamente a presidência até novas eleições. Maduro ser deposto parece ser mais difícil de ocorrer, haja visto o apoio que tem dos militares.
Estes reagirão para não perder seus privilégios, a não ser que tomem o poder, transitando depois para uma democracia, mediante uma negociação, ou para uma ditadura. Não parece possível a divisão do país entre dois governos, um de Maduro, outro de Guaidó.
Os militares falam de um golpe de Estado que pode levar o país à guerra civil. Esta é, de fato, a perspectiva que ameaça a Venezuela, diante da determinação dos dois lados. A situação política, econômica e social não admite uma parte transigir com a outra.
A sorte da Venezuela depende do apoio que os militares vierem a dar a um ou outro lado.