O deputado federal Zé Vitor (PL-MG), durante entrevista ao programa Café com Política, da rádio FM O TEMPO 91,7, defendeu a produção de carne brasileira e criticou recentes declarações do Carrefour na França e de parlamentares franceses sobre o setor agropecuário do Brasil. Segundo ele, a Câmara dos Deputados trabalha em um projeto de lei que prevê a reciprocidade ambiental e contrapartidas de parceiros comerciais na agro-pecuária, que deve ser votado até fevereiro de 2025. 

O tema veio à tona após o Carrefour anunciar, e depois recuar, a decisão de não comercializar carne de países do Mercosul em suas unidades francesas, citando preocupações ambientais. Deputados franceses também têm criticado a produção agropecuária brasileira, citando questões de desmatamento e impacto ambiental como justificativas para dificultar a aprovação do acordo entre Mercosul e União Europeia.

Zé Vitor classificou a posição da rede varejista como uma reação a pressões de produtores franceses no contexto das discussões sobre o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Para ele, a decisão do Carrefour foi “covarde” e parte de uma estratégia para enfraquecer a competitividade brasileira no setor agropecuário.

Críticas à França e defesa da produção nacional

Segundo o deputado federal Zé Vitor, as críticas da França ao Brasil têm origem em uma disputa comercial. “Eles têm se manifestado duramente contra aquilo que estamos fazendo aqui, especialmente porque o Brasil produz mais e melhor. Nas prateleiras do mundo, um em cada três frangos é brasileiro. Estamos avançando no mercado de carne, grãos e café, nos transformando em uma potência agroambiental”, afirmou.

O parlamentar também destacou que o mercado francês é pequeno frente à produção brasileira. “O Carrefour compra no Brasil de carne o que um município de 2 mil habitantes consome. É insignificante. É um parceiro barulhento e ingrato, porque eles têm sido muito bem recebidos aqui, mas têm sido duros nas falas ao dizer que nossa comida é um lixo”, disse Zé Vitor.

Zé Vitor ainda criticou a postura de alguns setores europeus, que, segundo ele, tentam prejudicar a imagem do Brasil no mercado internacional. “O próprio presidente do Carrefour na França foi claro ao afirmar que não compraria mais carnes do Mercosul, cedendo à pressão de produtores franceses. É uma tentativa de colocar em xeque nossa capacidade e idoneidade, mas o Brasil é reconhecido como um grande player no mundo produtivo”, ressaltou.

Reciprocidade ambiental e novas legislações

O deputado revelou que está trabalhando como relator de um projeto de lei chamado Reciprocidade Ambiental, que exigirá contrapartidas ambientais de países que compram produtos brasileiros. Ele informou que o texto está sendo construído em conjunto com a senadora Tereza Cristina (Progressistas) e tem previsão de votação até fevereiro de 2025.

“Nós temos uma legislação ambiental invejável e compromissos assumidos por lei que nenhum outro país tem. Não temos que nos envergonhar. Moral quem não tem são eles, que não têm histórico de preservação, apenas poder econômico para interferir no mercado”, afirmou. O parlamentar destacou que o projeto busca assegurar uma relação comercial equilibrada. “Estamos preparando um pacote de projetos para garantir que outros países, como a França, também assumam compromissos para comprar produtos brasileiros”, explicou.

Impacto global e novos mercados

Ainda durante a entrevista, Zé Vitor apontou que o Brasil está ampliando sua presença em mercados internacionais, com destaque para a Ásia e os países árabes. Ele mencionou a Índia, Japão, Vietnã e Indonésia como grandes parceiros comerciais no setor agropecuário.

“O mercado internacional hoje gira em torno de grandes economias como os Estados Unidos e Ásia. Temos uma grande capacidade de fornecer alimentos para o mundo todo, com áreas sendo recuperadas e pastagens degradadas sendo reaproveitadas. Somos a esperança para muitas pessoas, inclusive europeus”, declarou.

Entrevista concedida aos jornalistas Guilherme Ibraim e Adriana Ferreira