O PSD deve vencer a queda de braço com o MDB e emplacar o atual vice, Ricardo Faria, na chapa de reeleição da prefeita Marília Campos (PT), em Contagem, na região metropolitana. Além de Faria, a disputa tem outros dois nomes: o vereador e líder do governo na Câmara, Teteco (MDB), e Jorge Periquito, indicação do União Brasil.

A escolha por Faria, segundo interlocutores, teria sido uma decisão pessoal da prefeita. Embora já tenha se decidido, a petista deve seguir “cozinhando” os aliados até agosto, quando vence o prazo para inscrição das chapas na Justiça Eleitoral.

A lentidão de Marília serviria para evitar a dispersão de aliados e rachas na base de apoio. A decisão de Faria ainda reforça a aproximação entre Marília e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD). Apesar de Periquito ter proximidade com o senador, o atual vice-prefeito trocou recentemente o MDB pelo PSD em uma articulação de Pacheco. O senador já havia intermediado o apoio do União Brasil à reeleição de Marília. 

A análise de interlocutores da prefeita é que Pacheco é atualmente seu maior aliado em Brasília, tendo em vista a dificuldade de interlocução de prefeitos com a União. Na última semana, Marília, inclusive, trocou elogios públicos com o senador e citou a atuação dele para conseguir verbas para obras na cidade, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao município. <

A aproximação de Marília com Pacheco levanta algumas especulações para as eleições em 2026. A passagem de Pacheco por Minas ao lado da comitiva de Lula reforçou a hipótese de uma eventual candidatura do senador ao governo do Estado. Caso Pacheco seja candidato, uma nova dobradinha entre PSD e PT, como ocorreu em 2022, pode voltar a acontecer, em razão da proximidade dele com Lula. Em entrevista à FM O TEMPO 91,7 na última semana, o presidente chegou a dizer que o senador é a maior figura pública do Estado.

Diante da possível aliança, Marília figura entre interlocutores dos dois partidos como um dos nomes mais competitivos do PT para ser candidata a vice-governadora. Questionada pelo Aparte na última semana sobre a hipótese, ela assegurou que quer continuar sendo prefeita de Contagem. “Esse é o meu objetivo”, acrescentou.

Interlocutores de Marília ponderam que, hoje, a prefeita teria resistências a ser candidata a vice-governadora. Uma delas seria deixar a Prefeitura de Contagem no meio do mandato caso seja reeleita. A indicação de Faria, acrescentam os interlocutores, seria de fato um aceno a Pacheco, mas um gesto de retribuição às articulações do senador para a cidade em Brasília.

Pessoas próximas a Pacheco, por sua vez, apontam que ele está participando das articulações do PSD para as eleições municipais em várias cidades. Além disso, argumentam que nem mesmo Pacheco definiu se será candidato ao governo de Minas em 2026. 

MDB. Mesmo com o risco de não ganhar a indicação a vice na chapa da prefeita Marília Campos, a aposta nos bastidores é que o MDB se mantenha na base do governo. A legenda teria a intenção de se fortalecer para a sucessão de Marília em 2028, quando deve colocar na disputa o nome da atual secretária de desenvolvimento social, Viviane França. 

O MDB entrou na prefeitura de Contagem com o cargo de vice-prefeito, quando Faria ainda era filiado à legenda. A sigla controla atualmente a secretaria de Defesa Social e tem cargos espalhados em vários espaços da administração municipal. 

O deputado federal Newton Cardoso Júnior, presidente do MDB no Estado, e o vereador Teteco foram procurados, mas não se manifestaram até o fechamento desta edição.