BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, nesta quinta-feira (17), que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não deve retornar ao Brasil. “Ele, pelo que eu sei, ele não vem para cá, porque ele vai ser preso no aeroporto”, disse depois de visita ao gabinete de seu outro filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Bolsonaro ressaltou que não decidirá por Eduardo, que “é independente”. “Ele acabou de fazer 41 anos, já é um parlamentar com uma certa experiência, tem portas abertas no governo [de Donald] Trump. Ele conhece dezenas de parlamentares e está trabalhando pela nossa liberdade lá [nos Estados Unidos]”. 

De acordo com o ex-presidente, o deputado licenciado “é mais útil” nos EUA do que no Brasil. "Aqui ele está apenas respondendo mais um processo na iminência de ser preso. E aqui nós temos mais de 20 parlamentares que estão na marca do pênalti, como Nikolas Ferreira”, citou, sugerindo que não enviará mais dinheiro para o filho: “Eu já mandei R$ 2 milhões. Não tenho mais. Meu Pix está acabando”. 

Na entrevista, Bolsonaro frisou que espera mais sanções ao Brasil, dessa vez, por negócios mantidos com a Rússia. Isso, além da tarifa de 50% imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre exportações brasileiras. Para o ex-presidente, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não negocia com autoridades americanas, e “pelo que tudo indica, vai ficar pior”. 

“Tem uma nova ameaça que vem da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. É o nosso comércio com petróleo, no caso diesel, que foi negociado comigo antes da evasão da Ucrânia com Putin. Se não cessar esse comércio, 100% de tarifa. E tem mais ainda que ele não falou, vai chegar como novidade para vocês. Vou adiantar. Nós também somos dependentes de fertilizantes da Rússia. Quem continuar fazendo comércio com a Rússia, vai perder”, frisou. 

Julgamento por golpe 

Bolsonaro voltou a se declarar inocente e disse que o processo por tentativa de golpe de Estado em que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) “não tem cabimento” e “é um absurdo”. Ele frisou que estava nos EUA no dia dos ataques de 8 de janeiro de 2023, e que é alvo de uma “injustiça”

“Eu não tenho que provar que sou inocente, eles que têm que provar que sou culpado. É tudo suposição”, afirmou. “Não passa pela minha cabeça prisão, sou inocente”, acrescentou. Apesar disso, frisou: “Vou enfrentar o julgamento, não tenho outra alternativa”, destacando que não tem planos de sair do Brasil

Bolsonaro defendeu a anistia, afastando que o benefício será direcionado a ele. O perdão aos réus e condenados pelo 8 de janeiro tem sido apontado por Eduardo Bolsonaro como condicionante para que Trump volte atrás na sanção comercial ao Brasil.  

O ex-presidente ressaltou que ele próprio não tem liberdade para negociar anistia com Trump, e que o que presidente dos EUA “quer que a democracia seja restabelecida no Brasil”. “O Trump quer liberdade. Ele não quer saber de injustiça. E meu processo já está no mundo. O mundo já entendeu que é uma farsa. Não é um julgamento, é um linchamento. Me acusaram de tudo, só faltou me acusar de engravidar uma baleia”, disse.