O bate-boca entre o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o ministro da Fazenda de Lula, Fernando Haddad (PT), sobre o Propag, o projeto de renegociação das dívidas dos Estados com a União, continuou nesta sexta-feira (17 de janeiro). Em nova publicação nas redes sociais, que procede a uma resposta de Zema sobre a primeira fala de Haddad sobre o tema, o chefe da equipe econômica afirma que a dívida de Minas com a União cresceu 33% e, em dois anos, “alcançou incremento de 55% no conjunto do governo”. Haddad ainda afirmou que Zema não fez “o dever de casa”, em referência às falas anteriores do governador mineiro, e disse que Minas deu um “calote” na União. 

“A dívida cresceu não só pelos juros, mas pelo calote nos pagamentos. No seu governo, o Estado deu calote em mais de R$ 30 bilhões devidos ao governo federal, em mais R$ 12 bilhões junto a Instituições Financeiras, fora os calotes em outros credores privados, fazendo o Estado um dos mais endividados do país e com brutal crescimento da dívida”, declara.

Haddad ainda ressalta que, mesmo com cinco anos de governo, referindo-se ao final de 2023, Minas “seguia não pagando credores privados em dia, com mais de R$ 5 bilhões em restos a pagar não processados de exercícios anteriores”. O que, segundo o ministro, evidenciaria “que o Estado não tem dinheiro para pagar seus gastos, e dava calote não só na União, mas em outros credores privados também”. 

“Os desafios fiscais são muitos para todos, sem dúvida, mas somos da ala que acredita que calote não se confunde com ajuste fiscal! Até há os que pensam diferente como bem vimos num passado recente, mas nós acreditamos na importância do estado brasileiro dar exemplo e pagar em dia suas obrigações”, emenda Haddad.

Por fim, o ministro diz que o Propag cumpre a função “e o desejo” de que a União “cubra o calote que o Estado vem dando nas operações de crédito com instituições financeiras”.

Na resposta de Zema à primeira publicação de Haddad, o governador havia afirmado que “ao contrário do que acontece no Palácio do Planalto, Minas fez o dever de casa”. “Pelo quarto ano seguido estamos com as contas equilibradas, ou seja, desde 2021 com déficit zero, mesmo já tendo pago mais de R$8 bi de dívida à União”, diz. 

“Sobre o Propag, defendemos em todas as reuniões que a proposta fizesse justiça, acabando com os juros abusivos cobrados pela União. Houve longa construção com técnicos, governadores e parlamentares para chegarmos no projeto do Congresso que foi mutilado pelo presidente”, completa o governador.

Zema ainda diz que os vetos de Lula impõem custos extras aos mineiros, “enquanto o governo federal mantém 39 ministérios, esbanja com viagens luxuosas e impõe sigilo de 100 anos no cartão do presidente”. 

“Já a população enfrenta taxação crescente de impostos”, emenda. O governador ainda afirmou serem falsas as acusações de que o veto tratava apenas de bancos privados para quitar a dívida. “O Banco do Brasil e BNDES estão entre essas ‘entidades privadas’ citadas pelo ministro.  Mas o mais importante é que essa dívida impacta os cofres estaduais e tira dinheiro da saúde, educação e segurança dos mineiros”, finaliza.