O vice-governador e pré-candidato ao governo de Minas, Mateus Simões (Novo), pronunciou-se nesta terça-feira (5/7) sobre a prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de segunda-feira (4/7), ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A capital mineira foi um dos últimos locais que Bolsonaro pôde viajar antes de receber restrições da Corte, e Simões se encontrou com o ex-presidente na ocasião.  

O vice-governador adotou um tom mais ameno que Romeu Zema (Novo), mas afirmou discordar da decisão. "Não concordo com a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. A prisão é o remédio mais amargo do Código Penal e deve ser aplicada com extrema cautela", avaliou Simões, que tem formação em direito.  

Para ele, "a decisão do STF só acirra o clima de enfrentamento no país, quando o que precisamos é de diálogo". 

Prisão 

Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar após entender que Bolsonaro violou as medidas cautelares aplicadas no último dia 17. Ao determinar ao ex-presidente o recolhimento das segundas às sextas-feiras, entre 19h e 6h, e aos finais de semana em tempo integral, o ministro ainda lhe proibiu de utilizar redes sociais, “diretamente ou por intermédio de terceiros”.   

Para Moraes, Bolsonaro descumpriu a cautelar em um telefonema com o filho e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) durante o ato em Copacabana, Rio de Janeiro, nesse domingo. Durante a chamada, o ex-presidente conversou com os manifestantes em viva-voz, quando disse que a manifestação era “pela nossa liberdade, pelo nosso futuro e pelo Brasil”.   

O ministro do STF ainda citou a videochamada entre Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) durante o ato na Praça da Liberdade, Belo Horizonte, “oportunidade em que o parlamentar utilizou Jair Messias Bolsonaro para impulsionar as mensagens proferidas na manifestação na tentativa de coagir o STF e obstruir a Justiça”. 

Segundo Moraes, Bolsonaro produziu material para as redes sociais dos filhos e dos apoiadores nesse domingo. “Os apoiadores políticos e seus filhos, deliberadamente, utilizaram as falas e a participação — ainda que por telefone e por redes sociais — do réu para a propagação de ataques e impulsionamento dos manifestantes com a nítida intenção de pressionar e coagir esta Corte”, apontou. 

A prisão domiciliar não está no âmbito da ação em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado. Ela foi decretada por Moraes no inquérito em que o filho do ex-presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é investigado por articular sanções contra os ministros do STF desde que se mudou para os Estados Unidos.