O presidente Lula fez uma provocação aos prefeitos brasileiros, desafiando os chefes municipais a utilizarem as redes públicas de saúde e educação em cada cidade para mostrar que elas funcionam de fato. A fala foi feita durante a entrega do Prêmio Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização, em Brasília (DF), nesta segunda-feira (10 de fevereiro), e não agradou a Associação Mineira de Municípios (AMM), que representa os prefeitos de Minas Gerais.
“A fala de Lula se mostra desconexa e desconsidera a realidade financeira e a autonomia dos municípios, que não têm a capacidade orçamentária necessária para oferecer os serviços com a qualidade que gostariam aos nossos cidadãos”, classificou a AMM em uma nota divulgada nesta terça-feira (11 de fevereiro) e assinada pelo presidente da instituição, Dr. Marcos Vinicius Bizarro.
No discurso, que motivou a reação da AMM, Lula diz que é necessário o envolvimento de todos os prefeitos e que o governo federal quer ampliar a rede de educação mineira, mas que é preciso união.
“A gente quer contribuição dos prefeitos; a gente não vai fazer sozinho. A gente quer que cada prefeito assuma a responsabilidade de fazer o melhor que pode fazer. A mesma educação que ele dá para o filho, e muitas vezes o filho dele não estuda na escola pública do seu município, estuda em uma particular. Você chega numa cidade e pergunta como está a educação a saúde e ele responde que está fantástica. Então você pergunta se o filho estuda na escola pública, se ele se atende no SUS e diz que não. Então esse país não vai melhorar nunca. A educação só vai melhorar quando a classe média voltar a colocar seus filhos na escola pública”, disse o presidente Lula.
A AMM respondeu ao petista. “Não é a falta de compromisso dos prefeitos que impede o avanço nesses setores, mas, sim, a escassez de recursos e a centralização das decisões e do financiamento em níveis estadual e federal”, disse. “Reafirmamos que a crítica superficial à atuação dos prefeitos não contribui para o debate construtivo e ignora as dificuldades reais enfrentadas pelos municípios”, conclui o texto.
Campanha interna
O posicionamento de Marcos Vinicius acontece em meio à campanha para escolha do novo presidente da AMM. O atual comandante da instituição é considerado um dos principais candidatos, mas deve ter que enfrentar a oposição do prefeito de Patos de Minas, Alto Paranaíba, Luís Eduardo Falcão (Novo).
O governador Romeu Zema (Novo) é considerado o principal “cabo-eleitoral” da disputa. Além de fazer a defesa dos prefeitos, a carta divulgada pela AMM também marca posição de oposição ao presidente Lula e coincide com a postura adotada pelo governador mineiro.