Após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Minas Gerais nesta terça-feira (11), marcada pela troca de farpas entre o chefe do Executivo federal e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com o governador Romeu Zema (Novo), o mandatário mineiro enviou à imprensa uma série de críticas a falas feitas pelo presidente e o ministro no evento em Ouro Branco, na região Central do Estado. Zema também disparou contra o governo Lula e afirmou que o Brasil está crescendo "via injeção de anabolizante". Ele ainda fez elogios à própria gestão.

"O Brasil está crescendo - cresceu no ano passado 3,4% - mas, tudo indica, via injeção de anabolizante. Não é um crescimento saudável. A inflação está só aumentando, a taxa de juros só subindo, e com certeza teremos grandes efeitos colaterais daqui por diante", projetou o governador.

"Na minha opinião, em vez de comemorar esse crescimento de 3,4% em 2024, nós devíamos era estar muito preocupados com os problemas, com as consequências que nós teremos a partir de agora desse crescimento que foi feito com gastança, com desperdício de recurso público e com má aplicação do mesmo", continuou.

Zema acusou o governo Lula de jogar a culpa nos governadores em vez de "assumir a responsabilidade". "É mais preocupante ainda a situação do governo. Está insistindo nos mesmos erros que já levou o Brasil à recessão, à inflação e à perda de milhões de empregos. E parece que em vez de assumirem a responsabilidade, tem jogado a culpa em governadores, tem jogado a culpa em empresários, tem jogado a culpa até na dona de casa, que ela não sabe fazer a compra direito", disparou.

"Extremamente preocupante esse tipo de visão. Em vez de olhar para dentro, de fazer a lição, estão sempre procurando um bode expiatório", finalizou a fala.

Críticas a Alexandre Silveira

No evento em Ouro Branco, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, posicionou-se contra a venda da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), em oposição a Zema. "Eu fiquei muito surpreso e me causou uma grande estranheza a crítica à nossa Cemig. Acho que quem fez a crítica está totalmente desinformado", disse o governador de Minas, sem citar o ministro nominalmente.

"Nessa nossa gestão, a Cemig está construindo 230 novas subestações, inclusive dessas 230, mais de 120 já foram entregues. E na história toda da empresa, nos 70 anos anteriores, foram construídas 400 subestações. Então nós estamos fazendo um avanço extraordinário", exaltou o mandatário.

Novamente sem citar nomes, Zema criticou o período em que o petista Fernando Pimental esteve à frente do estado: "Todo mundo sabe que lá no período 2015 e 2018, a Cemig literalmente não investiu nada, foi sucateada, era um cabide de empregos. E na nossa gestão, o valor da participação do estado na Cemig e as ações já triplicaram de valor, fazendo com que o patrimônio público voltasse a ser valorizado", afirmou.

Zema finalizou dizendo que o posicionamento foi "totalmente descabido" e "desconectado da realidade". "O que mostra o total alheamento da pessoa que fez", completou.

Críticas a Lula

O presidente também não foi poupado de críticas. Em resposta à declaração de Lula sobre ter encerrado seu governo em 2010, Zema afirmou: "fiquei muito surpreso com a citação do presidente que citou como encerramento do ciclo do PT o ano de 2010".

"A história nos mostra, qualquer um pode consultar, que foi em 2016, que nós tivemos o encerramento do ciclo do PT, onde o país estava mergulhado na maior recessão da história e nos maiores escândalos de corrupção também", afirmou.

"Parece que esse anos de 2011 a 2016 não querem ser mencionados pelo presidente, por quem está lá em Brasília. Mas o passado é sempre bom ser relembrado e pode ensinar muito, e até me causa essa estranheza", acrescentou. 

"Será que ele mudou de partido? Será que a sucessora dele não deu continuidade ao que ele fez?", ironizou, completando: "parece que estão querendo apagar o passado, reescrevê-lo... e é muito preocupante".

Elogios à sua gestão

Zema reservou o começo do seu áudio para fazer elogios à própria gestão. "Fiquei extremamente satisfeito de conhecer a planta da Gerdau em Ouro Branco. Desde 2019, no início do nosso governo, a empresa já investiu R$ 6,4 milhões e inclusive trouxe a matriz dela para Minas Gerais, o que demonstra confiança no nosso estado", avaliou.

"A Gerdau, como centenas de outras empresas que voltaram a acreditar em Minas, são as responsáveis pelo crescimento da participação do PIB Mineiro no PIB Brasil, que nesses seis anos da nossa gestão pulou de 8,8% para 9,5% de acordo com os dados do IBGE", exaltou.

"Estamos caminhando firmes para até o final do ano criarmos um milhão de empregos nessa nossa gestão desde o início tão difícil, lá em janeiro de 2019", projetou o governador. (Com Helenice Laguardia)