Uma reunião especial em memória às vítimas do Holocausto e o fim da Segunda Guerra Mundial na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), na noite desta quarta-feira (23 de abril), foi acompanhada por protestos do lado de fora por membros do Sindi-REDE/BH. Com uma faixa em apoio a judeus e palestinos, os manifestantes tentaram acessar a Câmara, mas foram barrados. A homenagem foi promovida pela vereadora Marcela Trópia (Novo). 

A faixa exibida pelos manifestantes dizia: “Holocausto nunca mais! Século 20: judeus, ciganos, comunistas, homossexuais. Século 21: todo o povo palestino.” Eles também carregavam fotos de vítimas judias e palestinas. Segundo a diretora Sindi-REDE/BH (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte), Vanessa Portugal, a entidade recebeu, por e-mail, um convite enviado pelo gabinete da vereadora para participar da solenidade e decidiu comparecer com o objetivo de denunciar os ataques históricos e atuais contra judeus e palestinos. “Nós viemos porque nós achamos legítima a homenagem às vítimas das Segunda Guerra Mundial. Nós condenamos o holocausto que foi provocado na Segunda Guerra Mundial. E trouxemos faixas e imagens lembrando também do holocausto da atualidade”. 

Portugal afirmou que o grupo foi barrado ao tentar entrar na Câmara. “Quando nós chegamos, nós fomos barrados na entrada. E aí o gabinete (de Trópia) negou o convite, mesmo com a gente mostrando o convite”. A assessoria da parlamentar foi procurada e afirmou que "algumas pessoas que se apresentaram como representantes de movimentos pró-Palestina" não tiveram acesso ao espaço reservado para o evento por não estarem entre os convidados formais previamente listados (confira a nota na íntegra abaixo).

No plenário, a vereadora Marcela Trópia comentou sobre a manifestação no fim de sua fala: “eu quero fazer um adendo porque não dá para ignorar o que todos nós tivemos que passar ao chegar nessa cerimônia hoje. Eu não vou ignorar esse assunto, mas vou tratar com muito mais elegância e como tem que ser tratado aqueles que são deselegantes e desrespeitosos com a história das famílias de vocês, com a história das pessoas que hoje estão lá sendo reféns, sendo mantidas em cativeiro e tendo que passar pelas mesmas cenas torturantes que antepassados passaram”. 

Em seguida, a vereadora disse: “hoje nós vencemos uma batalha, porque a resiliência deles durou uma hora e meia, duas horas. Mas a resiliência do povo judeu já dura milhares de anos. Há quanto tempo é um povo perseguido e um povo que resiste?”, completando: “vamos vencê-los pelo cansaço, porque essa guerra já foi vencida uma vez, e se tiver que vencer dez vezes hoje vocês têm um exército muito maior do que a comunidade com vocês. Podem contar comigo para isso”. Ao final, informou que a manifestação já havia sido encerrada e que outros acessos à Câmara estavam disponíveis para quem se sentisse mais seguro. 

A homenagem contou com a execução dos hinos de Israel e do Brasil, interpretados por uma cantora acompanhada por um instrumentista, além da presença de autoridades, como o presidente e vice-presidente da Federação Israelita de Minas Gerais, Paulo Dicker e Beny Cohen, e o cônsul honorário de Israel em Minas Gerais, Doutor Silvio Musman, um sobrevivente do Holocausto, Leon Menache, e dezenas de membros da comunidade judaica.

Nota da vereadora Marcela Trópia na íntegra

"A Câmara Municipal de Belo Horizonte realizou nesta terça-feira uma sessão solene em memória às vítimas do Holocausto, com foco na preservação da memória histórica e no combate ao antissemitismo. O evento foi organizado com base em uma lista de convidados previamente definida, com destaque para representantes do “Mundo Oficial” e da comunidade judaica. 

Durante a solenidade, algumas pessoas que se apresentaram como representantes de movimentos pró-Palestina compareceram à entrada da Câmara. No entanto, por não estarem entre os convidados formais previamente listados, não tiveram acesso ao espaço reservado para o evento.

Reforçamos que a solenidade teve caráter exclusivamente memorial, em respeito às vítimas do Holocausto, e foi conduzida dentro dos protocolos institucionais previstos para ocasiões dessa natureza".