Pré-candidato à presidência em 2026, o governador Romeu Zema (Novo) classificou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “mais um capítulo sombrio” do Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão domiciliar foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes no início da noite desta segunda-feira (4/8).
Zema voltou a acusar o STF de perseguir Bolsonaro politicamente. “Alexandre de Moraes agora colocou Bolsonaro em prisão domiciliar por ter sua voz ouvida nas redes. É a democracia do silêncio. A democracia do medo. Toda minha solidariedade ao presidente e sua família”, escreveu ele no X.
As críticas de Zema ocorrem no dia seguinte às cobranças do líder da igreja Assembleia de Deus, Silas Malafaia, aos pré-candidatos à presidência ausentes das manifestações desse domingo. Dos mais próximos aliados de Bolsonaro, Malafaia acusou os pretensos sucessores do ex-presidente de “medo” do STF.
Ausente nos atos por anistia, Zema tem feito acenos ao eleitor do ex-presidente em busca de tentar viabilizar uma candidatura à presidência diante da inelegibilidade do aliado. O espólio eleitoral de Bolsonaro é ainda disputado pelo governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil)
Moraes decretou a prisão domiciliar após entender que Bolsonaro violou as medidas cautelares aplicadas no último dia 17. Ao determinar ao ex-presidente o recolhimento das segundas às sextas-feiras, entre 19h e 6h, e aos finais de semana em tempo integral, o ministro ainda lhe proibiu de utilizar redes sociais, “diretamente ou por intermédio de terceiros”.
Para Moraes, Bolsonaro descumpriu a cautelar em um telefonema com o filho e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) durante o ato em Copacabana, Rio de Janeiro, nesse domingo. Durante a chamada, o ex-presidente conversou com os manifestantes em viva-voz, quando disse que a manifestação era “pela nossa liberdade, pelo nosso futuro e pelo Brasil”.
O ministro do STF ainda citou a videochamada entre Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) durante o ato na Praça da Liberdade, Belo Horizonte, “oportunidade em que o parlamentar utilizou Jair Messias Bolsonaro para impulsionar as mensagens proferidas na manifestação na tentativa de coagir o STF e obstruir a Justiça”.
Segundo Moraes, Bolsonaro produziu material para as redes sociais dos filhos e dos apoiadores nesse domingo. “Os apoiadores políticos e seus filhos, deliberadamente, utilizaram as falas e a participação — ainda que por telefone e por redes sociais — do réu para a propagação de ataques e impulsionamento dos manifestantes com a nítida intenção de pressionar e coagir esta Corte”, apontou.
A prisão domiciliar não está no âmbito da ação em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado. Ela foi decretada por Moraes no inquérito em que o filho do ex-presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é investigado por articular sanções contra os ministros do STF desde que se mudou para os Estados Unidos.