A visita a Belo Horizonte do futuro presidente nacional do PSB e prefeito de Recife (PE), João Campos, entre essa quarta e esta quinta-feira (1º de maio) foi o primeiro passo para tentar viabilizar uma candidatura ao centro para o governo de Minas Gerais em 2026. Diante de um cenário ainda aberto no Estado, o recém-empossado presidente nacional do PSB vê um espaço a ser ocupado entre os pré-candidatos já postos.

A O TEMPO, interlocutores do PSB avaliam que há um vácuo entre as pré-candidaturas do senador Cleitinho (Republicanos) e do vice-governador Mateus Simões (Novo), enxergados à direita, e o provável pré-candidato apoiado pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora Lula queira o senador Rodrigo Pacheco (PSD), ele ainda seria reticente à ideia de concorrer ao governo de Minas Gerais.

Um dos exemplos citados por auxiliares do PSB é a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda ao governo de Minas Gerais em 2018, derrubada após um acordo nacional com o PT para que o partido adotasse neutralidade nas eleições. À época, o ex-governador e hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Antonio Anastasia era o candidato à direita e o então governador Fernando Pimentel (PT), à esquerda. 

Como o próprio João revelou durante a posse do prefeito de Conceição do Mato Dentro, Otacílio Costa, como presidente estadual do PSB, o nome que ele quer como cabeça de chapa é o do presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Leite (MDB), o Tadeuzinho. Em um café da manhã nesta quinta-feira, o prefeito de Recife e Otacílio formalizaram um convite a Tadeuzinho para se filiar ao partido. 

O nome de Tadeuzinho agradaria João em razão do perfil conciliatório ao conduzir a ALMG. Além de ter sido eleito e reeleito presidente com o apoio tanto da federação PT-PCdoB-PV quanto do PL, o deputado estadual ainda tem uma relação cordial com o governador Romeu Zema (Novo), embora, lembram interlocutores, o Palácio Tiradentes tenha tentado viabilizar uma candidatura contrária, de Roberto Andrade (PRD), à presidência do Legislativo em 2023. 

Apesar de reiterar a pessoas próximas que será candidato a deputado estadual em 2026 novamente, o futuro de Tadeuzinho é objeto de especulações desde que a construção por uma alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para renegociar a dívida do Estado com a União estreitou a relação entre ele e Pacheco. O presidente do ALMG é tratado como um potencial candidato a vice-governador caso o senador decida ser cabeça de chapa. 

A candidatura de Tadeuzinho a vice também agradaria a Simões. O governo Zema tem feito afagos ao presidente da ALMG em busca de tentar atraí-lo para uma composição, o que, hoje, é tratado como improvável por pessoas próximas ao deputado estadual. Um dos acenos foi a citação de Tadeuzinho no comunicado anunciando a revisão do edital de concessão do Vetor Norte da região metropolitana de Belo Horizonte.

Embora Tadeuzinho diga a interlocutores que será candidato à reeleição, os movimentos recentes do presidente da ALMG chamaram a atenção. O deputado estadual emplacou braços-direito nas presidências das comissões de Constituição e Justiça e de Administração Pública. Principais colegiados da Casa, eles são presididos por Doorgal Andrada (PRD) e Adalclever Lopes (PSD), respectivamente, movimento tratado por parlamentares como um recado a Zema. 

Além de Tadeuzinho, Campos também convidou o deputado federal Diego Andrade (PSD), sobrinho do ex-vice-governador Clésio Andrade (PSB), a se filiar ao PSB. Diego é conhecido pelo alinhamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado federal foi, por exemplo, líder da maioria no Congresso Nacional durante o governo Bolsonaro e apoiou a reeleição do ex-presidente durante a campanha de 2022. 

Por outro lado, interlocutores do PSB observam que João levou para o partido o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, reeleito pelo PL em 2024, o que, segundo eles, exemplifica a estratégia do prefeito de Recife (PE) como futuro presidente do partido. Além disso, eles lembram que Diego, que antecedeu Luiz Fernando Faria (PSD) como coordenador da bancada de Minas na Câmara dos Deputados, foi eleito e reeleito com o voto de todos os parlamentares.  

A reportagem tentou contato com Tadeuzinho e Diego, mas, até a publicação desta matéria, ambos não atenderam. O espaço segue aberto.