A relação institucional ensaiada entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), no início da semana passada, deu lugar a um embate público no fim desta semana. Um dia após Simões fazer um duro ataque ao presidente Lula (PT) durante evento do PL em Belo Horizonte, Silveira reagiu com críticas contundentes ao governo Zema e classificou a declaração do vice como “oportunista”, “inadequada” e “um desrespeito institucional”. A fala ocorreu durante a inauguração do Trevo da BR-381, em São Gonçalo do Rio Abaixo, na região Central do estado, após questionamentos da imprensa nesta sexta-feira (27 de junho).
No encontro estadual do PL, Simões afirmou que a direita deve se unir para garantir que o PT nunca mais volte ao poder, acrescentando: “que o Lula seja extirpado da história de Minas Gerais e do Brasil. Conte conosco para que a gente mantenha o PT e a esquerda longe do poder porque eles destroem tudo por onde passam”. Simões está como governador em exercício enquanto Romeu Zema (Novo) segue em missão no Japão. Ele ficou ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante toda sua estadia em Belo Horizonte nesta quinta-feira (26).
Em resposta, Silveira afirmou que a fala de Simões foi um gesto de cálculo político. “A fala do vice-governador ontem é um contrassenso e um gesto de oportunismo. Ele que já criticou tanto os atos antidemocráticos, criticou tanto a extrema-direita, ontem, tenta, para buscar apoio político, fazer um gesto ao ex-presidente fazendo duras críticas, completamente inoportunas, inadequadas para a boa política que Minas Gerias sempre soube fazer, em relação ao presidente Lula”, avaliou.
Em seguida, o ministrou direcionou críticas ao governo Zema. "Isso me demonstra a incapacidade de fazer política e demonstra principalmente que o governo Zema é um governo que abandonou Minas Gerais”.
Para Silveira, as críticas a Lula não têm sustentação na realidade administrativa. “Infelizmente, Minas Gerais vive um péssimo exemplo para a política. É um exemplo de oportunismo contra um governo que se preocupa com o mundo real. O presidente Lula chega 8h30 no Palácio do Planalto, sai nove e meia da noite, eu sou testemunha disso. Trata de cada área do seu governo pessoalmente para poder entregar resultados para a população”, afirmou.
Na avaliação do ministro, há “resistência de uma pequena classe dominante” contra Lula – e não ao seu governo – por ele representar a maior parte da população brasileira. “Aquela agressão do vice-governador ontem ao presidente da República é no mínimo um desrespeito institucional. Eu, se eu estivesse no lugar dele, eu me retratava, porque em nada contribui com a melhora da sociedade brasileira continuarmos em busca de um ‘like’ na rede social e sem se preocupar em fazer balanço daquilo que a gente pode efetivamente realizar na vida das pessoas”, finalizou.
As críticas ocorrem depois de o ministro ter recebido o governador em exercício em Brasília, no início da semana passada, para tratar da implantação de um gasoduto no Sul de Minas. Na ocasião, Simões levou deputados e prefeitos ao Ministério de Minas e Energia para discutir a obra com Silveira.
Em um café com jornalistas na segunda-feira (23 de junho), Simões falou sobre Silveira em um tom institucional, afirmando que ele é uma “figura importante dentro do PSD” e “ministro de Minas e Energia”. “Para nós é importante por conta de energia fotovoltaica, de mineração e por conta de gás. Vou continuar indo lá pedir favor para Minas”.
As declarações também ocorrem num momento em que os arranjos para as eleições de 2026 se intensificam nos bastidores. Alexandre Silveira é filiado ao PSD, partido que tem sido cotado para lançar o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), ao governo de Minas com o apoio de Lula - embora o próprio Pacheco ainda não tenha dado sinal verde à candidatura. Já Simões, afirmou, no café com jornalistas, que acredita em uma aproximação do PSD com a direita nas próximas eleições, quando ele deseja se lançar como candidato ao governo de Minas.