Em entrevista ao programa Café com Política, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (Republicanos) falou sobre as pretensões para as eleições de 2026. Se apresentando como “terceira via”, ele afirma que irá concorrer ao governo de Minas caso as pesquisas indiquem a possibilidade de candidatura.
Durante a conversa, Kalil informou que recebeu o convite para se filiar a um partido para concorrer no próximo pleito e explicou como está a situação com o Republicanos, considerando que haviam conversas para que ele passasse a integrar a legenda. O ex-prefeito ainda justificou a ausência no velório de Fuad Noman, que faleceu em março deste ano, e comentou a relação com o Atlético-MG.
Confira abaixo a íntegra da entrevista com Alexandre Kalil:
Se o senhor for candidato em 2026, em que espectro político vai estar e com quem?
Para 2026, o candidato é número. Você tem que ter número para ser candidato e não pode ser candidato por gostar de ser ou querer ou ter ambição de ser candidato. Eu acho que todo mineiro quer ser governador, então, você tem que ter número. Esse problema de com quem você vai estar, quem você apoiou, é circunstancial. Eu sou um camarada que eu sou a favor de muita coisa da direita e a favor de muitas coisas da esquerda, sendo que a direita tomou para si algumas coisas, e a esquerda tomou para si algumas coisas. Então, eu costumo dizer, como Charles Dickens, o maior escritor inglês, ele é comunista? Porque ele é o escritor que cuidou da pobreza na Inglaterra a vida inteira e se preocupou com a pobreza a vida inteira. Qualquer livro, o mais importante da literatura dele, está diretamente ligado a problema social, então quer dizer, o que ser no Brasil de direita e de esquerda? Porque, na escola, eu não quero saber do banheiro, eu quero saber do quadro. Eu quero saber da pedagogia. A esquerda e a direita estão preocupadas com banheiro. Eu sou a favor da privatização, mas não sou a favor de privatização de empresa que dá lucro, para dar para empresário ter lucro em vez do Estado. Então, qual é o espectro político que eu sou? Eu sou do espectro político do Estado enxuto, do não empreguismo. Eu estou falando por experiência, eu estou falando que todo mundo lembra que na minha prefeitura não tinha vaga para vereador, não tinha vaga para amigo de vereador, não tinha companheirada. Então, eu não estou falando da boca para fora, eu estou falando que aonde eu entrei, sendo do Atlético, sendo na Prefeitura de Belo Horizonte, a primeira coisa que tem que fazer é ajustar as coisas. Me irrita um pouco: ‘ah, eu fiz uma aliança com o presidente da República’. Eu fiz porque era necessária, porque quem estava em torno falou ‘se não for assim, não vai’, porque hoje eu tenho até certa dúvida, mas eu sou crítico a tudo que eu não concordo. Eu fui prefeito, eu fui majoritário. Eu fiz um governo que provavelmente não foi ruim e a minha reeleição não foi por conta de composição política, não. Foi por conta de uma tempestade, por reconstruir uma cidade em três meses, e de uma pandemia que foi controlada e tida como o melhor controle do Brasil. Não foi porque político me rodeou, foi porque nós fizemos para o povo que devia ser feito.
Tem alguma conversa para filiação de partido? Qual partido o senhor pretende se filiar?
Eu não tenho essa preocupação. Vamos lembrar que eu fui eleito pelo falecido PHS com 20 segundos de televisão. Eu já tenho convite de um presidente nacional de partido, eu já tenho uma legenda - que eu vou me resguardar, porque nós conversamos que seria segredo -, para ser o que eu quiser no partido. Já tenho uma proposta do presidente nacional do partido para ser candidato a o que eu quiser dentro do partido. Disse para ele que agradeço muito. Volto a repetir: é número. Qual o partido que não quer um candidato competitivo? Qual candidato a deputado estadual, federal ou senador que não quer um candidato ao governo competitivo? Então, isso realmente não me preocupa. A minha preocupação sobre isso é zero, não me interessa agora.
Algumas pesquisas te colocam em boa posição para concorrer. Podemos contar com o nome do Kalil para concorrer ao governo do estado?
As pesquisas, não só as que saíram, foram publicadas. Aqui mesmo, em Contagem, a prefeita, minha amiga Marília, pode falar que as pesquisas aqui também estão muito boas. Nós estamos falando do primeiro colégio eleitoral de Minas e do terceiro colégio eleitoral de Minas. Então, se os números me conduzirem para o governo de Minas, porque para ser candidato ao governo de Minas tem que mostrar, tem que falar ‘eu tenho condição de governar um Estado numa profunda crise’. Vai ser um governo duríssimo porque eu quero fazer e sei fazer, porque se depender de mim para colocar peruca e comer banana com casca, eu não vou ser candidato a nada. A minha proposta de ser candidato ao governo de Minas é se eu puder entregar, poder colocar para o povo mineiro a dificuldade que nós estamos hoje, porque não é só entregar ativo para o governo federal, é fazer um enxugamento de uma máquina que está emperrada há quase 12 anos sem sair do lugar. Então, se essa proposta convencer o eleitor, se os números me colocarem como candidato, eu sou candidato.
Por que a filiação com o Republicanos não ocorreu?
Não ocorreu, até na época, porque eu não quis. Eu não forcei isso. Eu não gosto de me ligar. Foi feita uma conversa. Nós apoiamos a candidatura do Mauro (Tramonte). Ao contrário do que todo mundo quis falar, eu participei de 7 segundos na televisão na campanha inteira.
O senhor ia em várias agendas.
Só as agendas de rua, onde estava o povo, que eles achavam que realmente o povo tinha a ver comigo. Mas eu sou um cara livre, sabe? Eu sou um cara que eu vou para onde eu quero, eu não tenho compromisso, eu não tinha compromisso com ninguém. Eu nunca traí ninguém.
Foi vontade do senhor?
Minha vontade. Eu não me comprometo a coisas que eu não quero. Então, eu me senti bem. O Mauro é um cara bacana, foi lá conversar comigo. Veio o presidente nacional do partido, foi na minha casa, reuniu comigo mais uma vez e foi um negócio natural. O Republicanos está aí, eu posso precisar dele ou não. Isso é muito secundário. Eu acho que a gente se prende a assuntos que não interessam. A gente fala de política, de partido, de aliança. Ninguém fala de pobreza, ninguém fala de plano, ninguém fala de aumento de imposto, ninguém fala de enxugamento do Estado. Esse assunto não interessa, e não interessa mesmo. Outro dia o Ciro Nogueira, que eu posso ter qualquer restrição, ele falou uma coisa: ‘vamos discutir o Brasil, vamos discutir Minas Gerais, vamos colocar tudo na mesa, vamos cortar a emenda, vamos cortar no Judiciário, vamos cortar no Legislativo’. Sabe qual foi a repercussão disso? Zero. Quando a oposição fala um negócio desses do governo federal, que é um negócio de altíssima repercussão, quer dizer, nós queremos cortar tudo para ajustar. A imprensa, o assunto foi zero repercussão. O que interessa é o Congresso contra o governo, botar PEC para privatizar a Cemig, quer entregar hospital, quer entregar faculdade para o governo federal. Isso é que interessa para os caras.
O senhor se arrepende de ter apoiado a candidatura do Mauro Tramonte?
Eu não me arrependo de nada que eu fiz. Eu não faço nada errado. Eu poderia não ter entrado, é verdade, mas me convenceram. O Mauro não tem nada com isso. O Mauro nem participou da reunião. Mas eu sou um cara de boa fé, eu sou um cara que eu acredito em tudo até que me prove o contrário. Então, eu vou continuar a ter boa fé e vou continuar acreditando nos outros.
Por que acha que o Mauro Tramonte não chegou ao segundo turno?
Eu não participei. O Mauro Tramonte foi rodeado por um monte de gente e eu não tive essa influência na campanha e nem quis ter, inclusive, porque eu era meio um intruso numa campanha. Mas eu acho que a vitória do Fuad foi importante, foi justa e é voto. Foi lá, ganhou a eleição. Infelizmente, aconteceu o que aconteceu, mas não houve guerra, não houve nada, não houve problema nenhum. Eu converso com todos, ao contrário do que todo mundo acha, eu não sou brigado com ninguém. Eu tenho aí dois ou três que eu não converso na política, no máximo, e o resto me dou muito bem.
Ter apoiado o Fuad poderia ter sido um caminho?
Não. Eu tive várias reuniões com Fuad. Então, eu tinha dois caminhos: ou apoiaria alguém ou ficaria de fora. O Fuad eu não apoiaria.
Por quê?
Porque foram feitas várias coisas na prefeitura que, na época, eu não gostei. Nós tínhamos alguns compromissos que não foram cumpridos.
Dá para citar alguns?
Não. Eu fui traído. ‘Por que você não tuitou, não fez nada?’ Não, eu não tuíto. Eu fiquei muito triste. Fiquei de verdade. Mas eu tinha rompido com o Fuad, eu não me sinto confortável de tuitar, de manifestar na morte de uma pessoa que um mês antes eu tinha tido atrito. Eu tenho vergonha e dignidade. Ele tem a mulher dele, ele tem os filhos dele. Eu vi tanta tuitada de cretino que prejudicou tanto o Fuad e isso me deu vergonha. Eu tive um mandato com o Fuad. Respeito muito isso, ele me respeita muito. Nós tivemos um atrito público, ele se foi. Eu fiquei triste, mas fiquei de coração. Mas eu não vou me manifestar, porque se algum inimigo meu tentar ir no meu enterro, eu já falei com meus filhos ‘põe para fora a pescoção’, não vem fazer gracinha em cima da minha morte, não.
Como avalia a gestão do Damião?
Ainda não deu tempo. É até uma covardia, tem quatro meses, mas espero que ele vá bem.
Damião disse que uma das propostas é de alterar o Plano Diretor, citando possíveis mudanças na Pampulha, até de flexibilização de algumas leis para construir prédios altos, de mais de 50 andares. Acha que essa é uma prioridade?
A indústria da construção acha que Belo Horizonte é Singapura, que quem joga um chiclete no chão vai preso. Eu acho que o Plano Diretor foi muito importante, porque ninguém notou que acabou a especulação de lote, que todo mundo ‘danou’ a construir em Belo Horizonte, que virou um canteiro de obra depois do Plano Diretor. Isso ninguém falou. Você pega os bairros de Belo Horizonte, principalmente dentro da Contorno, que estavam estocados para especulação e foram todos desovados, e não se encontra mão-de-obra. Acabou o ferro, acabou com cimento, acabou um monte de coisa em Belo Horizonte, isso ninguém fala. Numa época pós-pandemia, que precisava de empregar todo mundo. Agora, cada prefeito faz o que quer. Isso é igual futebol, não corneta, se ele acha que Belo Horizonte cabe prédios maravilhosos, que isso é uma maravilha, prédio alto, eu também acho. Agora, tem que ter estrutura embaixo. Então cada um faz o que acha que deve fazer. Eu só acho que, na minha visão, foi o Plano Diretor mais avançado que essa cidade já teve.
O que o senhor acha de indicações de aliados para a prefeitura por parte do Damião?
Eu não vi esse ângulo do Álvaro. Eu não critiquei o Álvaro hora nenhuma, porque eu nunca falei da gestão dele, eu estou falando pela primeira vez. Mas virou uma norma da prefeitura depois que eu saí. Não foi feito pelo Álvaro, começou com o Fuad. E eu disse a ele na época que saí: ‘não adianta entregar para esse povo porque vai continuar a mesma coisa’. Agora, cada um faz o que quer. Eu não empreguei nenhum apadrinhado de vereador, e fiz uma gestão em que fui reeleito primeiro. Se o objetivo é ser reeleito, então não adianta você colocar apaniguado incompetente, para o Ministério Público ir lá e tirar da Secretaria de Educação. Você imagina, chega o Ministério falando ‘esse cara é improbo, tira daí’. Isso nunca aconteceu em Belo Horizonte. Isso é a política enfiada dentro da administração pública, do Executivo de executar.
Qual a sua visão sobre a Câmara Municipal de Belo Horizonte?
Eu posso resumir a Câmara de Vereadores na minha gestão. Fizeram uma CPI contra mim, a mando de um grupo de empresários, a pedido de um grupo, tanto que ela foi regiamente paga na campanha, que foi a maior doação que a vereadora teve para ela comandar essa CPI contra mim, pessoal, e não me chamaram para depor. Era contra mim. E não me chamaram para depor. Então, Câmara, não vamos perder tempo. Esse é o corpo, esse é o exemplo que eu dou da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Eu não tenho a menor preocupação com a opinião pública. Isso é na Câmara, isso é na Assembleia, isso é na Câmara Federal e no Senado. Não tem, o que está lá fora, não importa. Somos nós aqui.
Concorreria com Rodrigo Pacheco no governo do estado?
Concorreria. O Rodrigo é um bom quadro. O Rodrigo é um homem íntegro. Foi presidente do Congresso e concorreria com ele. Ele ia mostrar o que ele fez e eu ia mostrar o que eu fiz. Isso aí não teria o menor problema.
O senhor continua achando o Rodrigo Pacheco como uma terceira via?
Não, a terceira via sou eu. Ele seria um bom candidato de esquerda.
Qual dos pré-candidatos o senhor enxerga como principal adversário para um segundo turno?
O adversário é número. O Cleitinho é quem tem um bom número. Quando eu chego na frente dele em Belo Horizonte, Ibirité, Contagem, eu falo ‘então está bom’. Não é quem eu acho, é quem o povo acha. Quem está colocado para concorrer? Qual os dois candidatos em todas as pesquisas que são mais votados? São os dois principais concorrentes. Não é quem eu acho, é quem o povo acha. É mais viável quem está na frente. Eu vou ser candidato por ser? Não tem o menor cabimento.
O que acha do perfil de fazer política nas redes sociais, como faz o Cleitinho? Gera algum tipo de receio?
Eu acho o seguinte: nós temos que mudar o perfil. Nós temos que desviar da rede social. Você não pode fazer um desvio num pedágio sendo que você é um senador da República que está do lado do prédio da ANTT, que é o que põe preço em pedágio e que regula pedágio, onde é que se estabelece praça de pedágio, que é a agência reguladora. Então, nós vamos começar a debater isso. É comentar, explicar para o povo que fazer um desvio pirata… eu gosto do Cleitinho. Sempre me tratou com a maior deferência. Eu não estou aqui ofendendo-o pessoalmente, fique bem claro isso. Quando eu ofendo, eu ofendo, não tenho medo de Cleitinho, nem de Rodrigo, nem de nenhum deles. Não tenho medo de ninguém. Mas o Cleitinho, eu estou falando sobre uma coisa que ele fez, não sobre ele. Então nós vamos começar no Brasil a falar ‘não, tem uma agência da ANTT, que é quem põe preço no pedágio’. Não é desviando, é o poder de um senador de convocar o presidente da ANTT lá e falar ‘que preço é esse que colocou no pedágio, pode explicar para a gente?’ Então vamos começar a tratar as coisas nesse país como tem que ser tratado.
De forma concreta?
É óbvio. ‘Ah, mas você vai ajeitar conversinha?’ Não é conversinha. Você vai sentar aqui na comissão do Senado e vai explicar que preço é esse que colocou aqui. Nós estamos com problema de preço de comida. Não dá para comer banana com casca. Nós temos de tirar imposto, tem que ter um projeto de país. Um projeto de país com coragem. Agora, se for para impressionar na internet, é a coisa mais fácil do mundo. Se for fazer uma campanha, coloca duas mulheres peladas do seu lado, fica pelado, vai dar 1 milhão de visualizações. Fala ‘vou fazer isso, isso e isso’. Fica todo mundo pelado aparecendo. Não é isso que o povo está precisando, não é isso que vai baratear, que vai melhorar o transporte, que vai melhorar as rodovias que estão escangalhadas no estado. Não é isso. Então é o contrário. Nós temos que sair do debate da internet, porque esse debate da internet levou o Brasil a quê? Levou Minas Gerais a quê? Eu só tenho inveja de uma coisa: da comunicação do governo atual, porque transformar uma dívida de R$ 120 bilhões para quase R$ 200 bilhões e falar em eficiência, eles são muito bons em comunicação.
Avaliando os anos do governo Zema, tem algum erro que o senhor não gostaria de repetir e fazer diferente?
Não, ele não fez. Eu podia falar que o hospital de Teófilo Otoni está malfeito. O hospital de Juiz de Fora, que ele prometeu, está torto. O plano de rodovias que ele recuperaria em Minas está malfeito. Não, ele não fez e não vai fazer, e não tem intenção de fazer. Nem fazer hospital na Gameleira para entregar para a iniciativa privada, porque se me falar um hospital privado que atende o SUS, eu levanto e peço desculpa para ele. Então, o que eles querem é fazer um hospital na Gameleira para dar para empresário. E saúde, educação e segurança é coisa do Estado, é o Estado que tem que cuidar. O que ele prometeu, o que ele fez? Eu quero saber. Eu falei isso aqui, já falei isso na campanha: levantar um hospital custa, vamos colocar aqui só para entender, R$ 50 milhões. Esse hospital custa R$ 50 milhões por mês. Você acha que quem está agredindo o presidente da República, está passando pela cabeça dele, que o único jeito de fazer um hospital público nesse país é com o Ministério da Saúde? Quem agride o governo federal para fazer política ideológica está com intenção de abrir seis hospitais no estado?
O senhor acha que os ataques de Zema ao governo federal pelas redes sociais seria um erro?
A briga com o presidente da República é uma estupidez, principalmente por um estado que está quebrado e falido. Porque quando a prefeitura briga com o presidente da República, ela tem dinheiro, pelo menos tinha. Não sei como é que está hoje. Mas tinha muito dinheiro, não precisava. O Estado hoje está aí, no Propag, rastejando no chão com uma dívida de R$ 190 bilhões, uma briga na Assembleia para entregar a Cemig, a Copasa. Vamos privatizar, sim, mas o que dá prejuízo, o que não é atendimento para o povo. Tem muita coisa. Tem estrada para burro para privatizar, e as que estão privatizadas no território mineiro, estão uma vergonha. E eu estou falando aqui como quem anda e prova que andou 23 mil quilômetros de estrada ano passado. Como eu tenho revisão das minhas motocicletas, sei exatamente quanto eu andei nas estradas ano passado, eu andei 23 mil quilômetros de estrada. Por todas as regiões. Passei agora, tem 20 dias, onde é que teve o acidente horrível, indo para Diamantina, passar desde Curvelo em quebra-mola até hoje. Tem um trecho que já está privatizado, é um espetáculo de uma via dos cristais. Tem, inclusive, atendimento, banheiro, muito boa, é o caminho.
Qual seria a solução para a dívida de Minas?
Fazer as pazes com o governo federal, parar de esculhambar quem tem a caneta na mão, sentar lá e tentar fazer alguma coisa porque hoje não tem nem tentativa. Quando você fala que você quer entregar uma universidade e um hospital para o governo federal, você está achando que alguém é bobo ou o povo é burro e não entendeu. Isso aí é o seguinte: todo mundo quer entregar todos os hospitais, universidade para o governo federal. Ele já tem tripartite. Quer entregar o quê? Eu acho que não é o caminho. Eu acho que o caminho é sentar na mesa. Agora, sentar na mesa como? Sentar na mesa com o cara que esculhamba, que não tem nem ambiente para conversar?
O que poderia ser privatizado?
Eu não tenho esse estudo. Eu acho que a Cemig está fora de cogitação. Ela dá lucro, mas nós temos ativos para entregar para o governo e não é nós que vamos escolher. O que dá lucro para o Estado de Minas é isso. O resto pode levar. A Cemig dá lucro. A Cemig todo ano dá lucro. O governo pega dinheiro e põe no bolso. Por que entregar a Cemig? Mas se for para entregar para o governo federal uma empresa que é exemplo, os funcionários são um exemplo. Apesar dos recentes escândalos que nós tivemos lá, a Cemig é um patrimônio do povo mineiro porque dá lucro, porque é boa. Outro dia, eu viajei, passei muito tempo fora e não paguei a conta de luz e cortaram a luz do meu apartamento. Eu estou contando um caso real. Eu, na internet, religuei a minha luz em dez minutos sem ainda pagar. Então quer dizer, além de tudo, é uma empresa muito moderna e eu não sabia. Quando doeu em mim, falei ‘meu Deus, funciona’, porque manda o aviso. Ficou dois meses lá, e chegou lá no Correio, e ficou lá, saiu do débito automático, eu não sei porquê. Religar a luz em 15 minutos via internet, porque se fosse igual antigamente, ligar para o diretor, falar que é o ex-prefeito, nem sabia quem era.
O Senado seria uma alternativa para o senhor em 2026?
Não.
Enxerga o Zema como um adversário competitivo com o presidente Lula, caso os dois venham a ser candidatos?
O grande adversário do Lula é o Tarcísio, o governador de São Paulo. E acho que é uma eleição que vai ser muito dura, porque esse negócio de nós contra eles, o povo está de saco cheio. Isso não vai colar. A ‘picanha 250 pratas’ não vai colar, ‘nós contra eles’, o café no preço que está, arroz a R$16 o saco, isso não vai colar.
O senhor se arrepende de ter se aliado ao presidente Lula na última eleição? Vê possibilidade de repetir isso?
Não. Foi porque eu quis. E eu vou repetir, não me arrependo de nada que eu fiz. Mas eu não faria de novo.
O senhor veio de duas derrotas, em 2022 e a campanha do Mauro Tramonte…
Não joga essa no meu colo, deixa essa por conta dos meus inimigos. Eu sou importante, mas não isso tudo. Eu sou só um pouquinho importante. Porque se eu pegasse a campanha do Mauro Tramonte e assumisse a campanha, eu ia aceitar a derrota. Eu participava no canto da mesa de algumas reuniões e fui colocado em casa por 15 dias.
Teve algum mal estar?
Total. Eu não participei, eu fiquei em casa 14 dias, não participei nem de reunião, então tem que pegar quem coordenou a campanha. E mais, só para esclarecer, no dia que sentaram com os marqueteiros, em uma reunião que eu estava presente após a derrota, ‘Por que vocês esconderam o Kalil? Vocês são burros?’ E tinha deputado sentado escutando essa conversa. Tinha empresário, tinha chefe de bancada, todo mundo escutou.
O senhor concorda que o senhor apareceu mais que o governador Romeu Zema na campanha do Tramonte?
Eu não pedi para aparecer nenhuma vez. Ele me chamava, eu ia. Não chamava, eu não ia. Por isso que eu fiquei 15 dias em casa.
Essa conta do Tramonte não está na do senhor?
Não, eu perdi uma eleição (2022).
Em 2022, o senhor perdeu ainda no primeiro turno. O que pode acontecer em 2026? O que o senhor acredita que pode ser diferente?
Nós estamos no final de dois mandatos de um governo pífio. Isto vai sair na campanha porque tem vídeo que ‘nós vamos colocar seis hospitais para funcionar’. Hospital para funcionar não é concreto em pé, é gente sendo atendida. Tem vídeo que ‘vamos recuperar a estrada’, tem vídeo, está tudo guardado. Quando você fala que vai fechar uma cidade porque a pandemia não vai entrar, você bota a polícia na entrada da cidade e fecha a cidade. ‘Mas você vai quebrar a cidade’, não importa. Estou falando o que vou fazer e fiz. A campanha agora é o que você fez sem ser propaganda? O que você fez para abater a dívida? O que foi feito? Mas o grande adversário não é nem o governador nem o vice-governador. Não é nada. Não adianta falar mal do governo dele, porque o próprio adversário não participou do governo dele.
Como o senhor vê os pré-candidatos ao governo de Minas?
Cleitinho Azevedo (Republicanos): É um bom rapaz e eu acho que ele tem potencial para sair da internet e tratar assuntos como um senador, que é coisa para burro ser senador de Minas Gerais.
Mateus Simões (Novo): O Mateus tem um problema. Era o Pimentel, aí o elevador que eles não conseguiram dar conta, virou Aécio. Daqui um pouco vai ser o Juscelino Kubitschek. Sempre tem um culpado.
Rodrigo Pacheco (PSD): É um nome, é um cara bom, está lá aliado com a esquerda e ele vai ter um pouco de dificuldade para se enquadrar nesse campo da esquerda.
Tadeu Martins Leite (MDB): Ótima pessoa e meu amigo. Gosto muito do Tadeu.
Nikolas Ferreira (PL): É um menino muito inteligente e acho que está ficando maduro. Aquela bobajada de peruca, ma hora que ele largar um pouco a pauta ideológica e desgrudar um pouco desses caciques e tomar um rumo… Era meu adversário, era a oposição na minha prefeitura. Eu andei falando até na época que ia dar umas palmadas nele quando eu era prefeito. Mas quando todo mundo fala que inteligente é fulano, inteligente é sicrano, inteligente é esse menino. Ele é muito inteligente.
Como vê o Atlético?
Eu acho que o Atlético fala que está faltando dinheiro, está faltando isso, está faltando aquilo. No Atlético falta alma. O que o Atlético perdeu na direção foi alma, porque aperto sempre passou, acharam que ia entregar. Então, primeiro, viram como é difícil mexer com isso.
Pretende voltar para o esporte?
Não. Você está doido? No Atlético não dá para ser prefeito, não dá para ficar mais de dois mandatos.
Quem está melhor: Atlético ou Cruzeiro?
Atlético.
O senhor falou que não voltaria para o esporte, mas em um futuro mais distante, o senhor voltaria para a Prefeitura de Belo Horizonte?
Voltaria, mas não vai dar, porque eu vou estar ocupado.