Apesar de criticar a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos, o governador Romeu Zema (Novo) não irá à reunião desta quarta-feira (30/7), em Brasília, com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), para discutir alternativas à sobretaxa. A reunião está prevista para o Palácio do Planalto, às 9h.

O encontro foi solicitado a Alckmin pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), enquanto coordenador do Fórum Nacional de Governadores. A instância é justamente a responsável por reunir anualmente os chefes dos Poderes Executivo dos 26 estados e do Distrito Federal. Ibaneis pediu a agenda ao vice-presidente nessa segunda (28/7).

Zema atribuiu a ausência a compromissos previamente marcados em Belo Horizonte. “Essa reunião vai ser amanhã cedo, foi marcada um pouco em cima da hora e eu já tenho compromissos em Belo Horizonte que não consigo alterar. Eu vou estar mandando um representante, porque o assunto é muito relevante”, disse ele, nesta terça, em entrevista ao UOL.

O governador participará de um encontro da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) com empresários e lideranças setoriais nesta quarta, em Belo Horizonte, mas às 16h. O TEMPO questionou ao governo Zema quem representará o Palácio Tiradentes na reunião com Alckmin e aguarda retorno. Tão logo o governo se posicione, a matéria será atualizada. O espaço segue aberto. 
     
A três dias de a sobretaxa de 50% entrar em vigor, o governador ainda avaliou que “tudo ajuda neste momento”. “Acho que todo esforço é bem-vindo para nós tentarmos solucionar essa crise, que pode ter o pior desfecho possível, cortando empregos, investimentos, colocando o Brasil em uma situação ainda mais delicada do que já está”, afirmou.

Ministro do Desenvolvimento, da Indústria, do Comércio e dos Serviços, Alckmin foi destacado por Lula como interlocutor com o setor produtivo nacional e os próprios Estados Unidos para discutir alternativas à sobretaxa. Na última semana, o vice-presidente chegou a conversar por telefone com o secretário do Comércio do governo Donald Trump, Howard Lutnick.    

Pré-candidato à presidência da República, Zema reiterou as críticas a Lula, que, segundo ele, é “inábil” ao atacar “um dos maiores clientes do Brasil” e se alia a “detratores dos Estados Unidos”. “Era questão de tempo (a retaliação). Eu, que venho do setor privado, em especial do comércio varejista, sei que você precisa tratar bem o cliente”, ressaltou.

O governador citou posicionamentos de Lula como, por exemplo, a defesa da desdolarização do comércio internacional. “Só faltou ele questionar o sistema métrico decimal”, ironizou Zema. “O dólar é a moeda universal hoje devido à pujança da economia americana. Não foi imposto a ninguém. Ele (dólar) conquistou este lugar.”   

O pré-candidato ainda criticou os Brics, cuja última cúpula ocorreu no final de semana anterior ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “É um grupo que não agrega nada ao Brasil. Nós não estamos falando de países que têm a mesma cultura nossa, não estamos falando de países cristão, não estamos falando de países democráticos”, apontou.