O deputado estadual Lucas Lasmar (Rede) defendeu a manutenção do plebiscito popular para decidir sobre a venda das estatais mineiras dentro do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Em entrevista ao programa Café com Política, do canal de O TEMPO no YouTube, nesta quarta-feira (27/8), o parlamentar criticou a tentativa do governo estadual de retirar a consulta popular do projeto e disse que não assinará "um cheque em branco" para o governador Romeu Zema (Novo).

Lasmar classificou como autoritário o esforço do governo para excluir a participação popular. “O que eu vejo é o seguinte: o governo quer que a gente assine um cheque em branco para eles. ‘Olha, nós queremos vender tudo; depois a gente vê qual é a avaliação que o BNDES vai fazer para a gente fazer os abatimentos”, disse, alertando que o dinheiro obtido com as vendas pode ser gasto de “formas erradas” e até mesmo como “trampolim político para Zema".

O deputado argumentou que essa é uma tentativa governista de eliminar a consulta popular sobre a venda das estatais. "Esse governador quer retirar a possibilidade do plebiscito — da população decidir o futuro das estatais: Cemig, Copasa, Codemig, enfim, outras", declarou Lasmar.

Assembleia protagonizou solução da dívida estadual

 

Lasmar destacou o papel da Assembleia Legislativa na articulação do Propag, elogiando a atuação do presidente da Casa, Tadeu Leite (MDB), e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). "A Assembleia foi a grande protagonista, liderada pelo Tadeu, para solucionar o problema da dívida", afirmou o deputado.

Segundo ele, antes do Propag, o governo do Estado defendia o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que levaria o pagamento da dívida a um patamar de R$ 22 bilhões por ano, deixando o estado "insolvente novamente". O parlamentar creditou ao senador Rodrigo Pacheco a criação de uma "roupagem para beneficiar Minas Gerais" no programa nacional.

Dificuldades na tramitação do projeto

 

Lasmar revelou que o governo enfrenta dificuldades para aprovar a retirada do plebiscito na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia. "Eles não estão conseguindo tirar da CCJ, contrariando a palavra do vice-governador, que falou que tinha maioria absoluta na Assembleia", afirmou.

O deputado disse que os parlamentares querem "responsabilidade de votar algo que seja para solucionar, e não para diminuir o Estado por si só, para atender à pauta do governador Zema".

'Prorrogação de prazo é necessária'

 

O parlamentar defendeu a prorrogação do prazo de adesão ao Propag para permitir uma avaliação adequada das estatais. "O presidente da Assembleia foi a Brasília semana passada fazer a boa política do diálogo , e não a da divisão, que o governador está fazendo, para buscar esse adiamento do prazo de adesão", disse.

Lasmar citou como exemplo a Codemig, que valeria entre R$ 30 bilhões e  R$ 35 bilhões, valor que "resolveria a entrada de 20% para a gente conseguir a redução de juros que está no Propag". Segundo ele, uma avaliação adequada permitiria uma "decisão saudável, mesmo que seja ano que vem".

Cenário eleitoral de 2026

Questionado sobre o cenário eleitoral de 2026, Lasmar defendeu a candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao governo estadual. "Hoje, a política precisa de pessoas que façam construções saudáveis, do diálogo, um plano de Estado", disse ao se referir ao colega.

Sobre a possível filiação do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil à Rede, Lasmar disse que "ele é um grande nome, um grande político", mas manteve seu compromisso com Pacheco. O deputado acredita que "Minas Gerais vai ser discutida e vai ser definida no segundo turno".