Veículos de comunicação internacionais como "The Economist", "The Guardian", "The New York Times", "Bloomberg" e "Le Monde" repercutem o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa nesta terça-feira (02/09) no Supremo Tribunal Federal (STF). O processo analisa a suposta participação de Bolsonaro e outros sete réus em uma tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições presidenciais de 2022. A previsão é que a sentença seja anunciada até 12 de setembro.
O caso ganhou dimensão diplomática após Donald Trump enviar uma carta a Lula solicitando o fim do processo contra Bolsonaro. O ex-presidente americano classificou o julgamento como "caça às bruxas", aumentando tensões entre Brasil e Estados Unidos.
Veja resumo da repercussão em todo o mundo:
"The Economist"
A revista britânica publicou três reportagens sobre o tema. A mais recente descreve a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 como "esquisita e bárbara", detalhando o ambiente festivo nos acampamentos montados em frente ao quartel em Brasília.
Em uma edição de capa anterior, a publicação comparou o caso brasileiro com a tentativa de Trump de permanecer no poder após sua derrota em 2020, afirmando que, "O Brasil oferece uma lição de democracia aos EUA".
"The New York Times"
O jornal americano questionou se o Supremo está defendendo a democracia ou ultrapassando limites em suas ações. A publicação destacou que a pressão exercida por Trump apenas fortaleceu a determinação do governo brasileiro em prosseguir com o processo.
Em reportagem publicada na segunda-feira (1/9), o veículo enfatizou as medidas restritivas impostas a Bolsonaro, citando preocupações das autoridades com uma possível fuga do ex-presidente.
"Bloomberg"
A agência de notícias repercutiu as divergências na família Bolsonaro frente às pressões internacionais. Segundo a "Bloomberg", Eduardo Bolsonaro interpretou como vitória pessoal o anúncio de Trump sobre tarifas de 50% contra produtos brasileiros, acreditando ter influenciado a Casa Branca a agir em favor de seu pai.
O próprio ex-presidente, no entanto, classificou o filho como "imaturo". A "Bloomberg" também avaliou que as exigências de Trump foram "mais maldição do que bênção" para Bolsonaro, observando que a estratégia teve efeito contrário ao esperado, fazendo com que muitos brasileiros passassem a ver a família mais preocupada em "salvar a própria pele".
"The Guardian"
O jornal britânico destacou a prisão domiciliar e a vigilância constante imposta a Bolsonaro, implementada após a descoberta de um rascunho de pedido de asilo à Argentina. O veículo lembrou que o ex-presidente já cumpria prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica e indicou que ele tem grandes chances de ser condenado.
"Le Monde"
O jornal francês noticiou que Bolsonaro foi classificado com "risco de fuga" e passou a ser monitorado 24 horas por dia. O "Le Monde" mencionou que, em caso de condenação, o ex-presidente pode enfrentar uma longa pena de prisão.
O veículo também reportou que as tensões diplomáticas entre Brasil e EUA se intensificaram após o governo americano revogar o visto do ministro da Justiça brasileiro, Ricardo Lewandowski. O jornal registrou a reação do presidente Lula, que chamou a articulação de Eduardo Bolsonaro com Trump de "uma das piores traições que o país sofreu".