O secretário de Educação de Minas Gerais, Rossieli Soares, afirmou que está aberto a receber propostas das escolas para que atividades extras sejam realizadas durante a chamada “semana do saco cheio” - período de recesso em outubro, tradicionalmente junto com o Dia dos Professores e o Dia das Crianças. Segundo ele, a possibilidade ainda está em fase de discussão, e a decisão caberá a cada escola interessada. Empossado no início de agosto, o novo chefe da pasta foi o entrevistado do Café com Política, do canal O TEMPO, desta terça-feira (2/8).

Segundo Rossieli, a preocupação principal é que o recesso ocorre justamente na semana anterior à aplicação do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), avaliação nacional que mede a qualidade da educação básica. “Qual é o primeiro problema? Ela é exatamente antecedente à avaliação do Saeb. Como é que você motiva, engaja e termina de preparar o aluno com essa semana sem aula?”, questionou o secretário em entrevista ao Café com Política, do canal O TEMPO, exibido nesta terça-feira (2/9).

O secretário reforçou que não haverá mudanças obrigatórias no calendário escolar, mas abriu espaço para que diretores apresentem propostas, caso avaliem necessário. “O que a gente discutiu com alguns superintendentes e com alguns diretores de escola é: se a escola quiser apresentar um projeto para a secretaria pedindo para fazer aula de reforço escolar, eu sou todo ouvidos. E super a favor de fazer, mas nós não vamos mexer no calendário”, explicou, avaliando que há famílias que não devem viajar na data.

Entre as alternativas em análise estão o pagamento de hora extra a professores ou a possibilidade de remanejar folgas. “Tenho certeza que tem como ajustar isso com diálogo", afirmou, reforçando que não há nenhum normativo em relação ao assunto e que tem conhecimento que já há professores com viagem marcada para a data.

"Inclusive, a ideia surgiu de um diretor de escola, que falou comigo sobre isso. Me perguntando se podia. Eu disse: 'pode, me faz a proposta, me manda'. A mesma coisa para todos”, explicou.

Discussão sobre escola cívico-militar está suspensa

Na sua posse, o secretário Rossieli Soares disse à imprensa que pretendia retornar a discussão sobre escolas cívico-militares ainda em agosto. No entanto, três dias depois, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) suspendeu a expansão do modelo cívico-militar para até 721 escolas da rede estadual de ensino. O secretário disse que a judicialização do caso levou à paralisação das discussões na secretaria, mas adiantou que não acredita que o modelo é adequado para todas as escolas.

"Eu não acho que esse seja um modelo para todo mundo. Mas eu não acho que seja um problema ter algumas escolas com esse modelo, porque tem pais que querem e tem alunos que se adaptam a esse modelo", afirmou, completando: "não acho que esse seja uma solução para educação brasileira. Assim como não acho que nenhum modelo necessariamente é a de universalização".

Segundo o secretário, um dos objetivos é aumentar o número de alunos nas escolas de tempo integral e discutir melhorias no modelo. "Tempo integral é importante. Mas o que eu faço com esse tempo lá dentro?", ponderou.

Assista a entrevista na íntegra abaixo:

Com redação de Salma Freua