Judiciário

AGU dá aval a prorrogação da carência da dívida de Minas com a União

Por outro lado, a Advocacia-Geral sugere a retomada do pagamento do serviço da dívida durante os 120 dias e, agora, decisão está nas mãos do ministro do STF Kássio Nunes Marques

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 13 de dezembro de 2023 | 18:28
 
 
 
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A Advocacia-Geral da União (AGU) deu o aval, nesta quarta-feira (13/12), à prorrogação do fim da carência da dívida de Minas Gerais com a União, mas sugeriu que a cobrança do serviço, ou seja, de juros, seja retomado. Cabe agora ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kássio Nunes Marques acatar ou não o pedido do governo Romeu Zema (Novo) e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para estender a data-limite, que é a próxima quarta (20/12), até 20 de abril de 2024.

Em petição encaminhada a Nunes Marques, a AGU apontou que “não possui objeção à eventual dilação judicial do pedido de prorrogação do prazo feito por Minas Gerais, retornando-se, inclusive, os pagamentos do serviço da dívida”. “A União, pautada pela lealdade e cooperação federativa, ingressa no processo com a finalidade de construir uma solução que equacione a situação do ente federado sem favorecê-lo em detrimento dos demais”, observou o advogado-geral substituto, Flavio José Roman.

A AGU lembrou que, caso o plano a ser apresentado por Minas para a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) seja homologado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Estado voltaria a pagar os valores destinados à amortização de sua dívida. “É logicamente coerente que qualquer decisão judicial que eventualmente prorrogue o prazo para a homologação inclua um comando expresso determinando a retomada dos pagamentos das parcelas do serviço da dívida”, alegou.

De acordo com o plano de recuperação fiscal apresentado por Zema à Secretaria do Tesouro Nacional em maio, o governo prevê que, caso ingressasse no RRF, pagaria, ao longo de 2024, R$ 4,2 bilhões do serviço da dívida. O TEMPO questionou ao Ministério da Fazenda se há uma estimativa de quanto então o Estado pagaria, entre a próxima quinta-feira (21/12) e 20 de abril, do serviço da dívida. Entretanto, até a publicação desta reportagem, a Fazenda não respondeu.

Em reunião na última quinta (7/12), após se reunir com o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia sinalizado que a União concordaria em prorrogar a carência da dívida de Minas Gerais. “Nós já havíamos discutido com o vice-governador de Minas Gerais (Mateus Simões) que nós íamos pedir à Justiça até 31 de março para que Minas continuasse não pagando a dívida”, disse Haddad.

A manifestação da AGU já está no gabinete de Nunes Marques. Até lá, o presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho, assegurou que a proposta de adesão do Estado ao RRF vai permanecer em tramitação. “O plano número 0 sempre foi e sempre será construir uma nova alternativa (à adesão ao RRF). Mas, para que a gente consiga construir, repito: nós precisamos do prazo e, até este momento, nós não tivemos resposta oficial do STF”, afirmou.

Sem a manifestação de Nunes Marques, a proposta, que foi aprovada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária nesta quarta (13/12), deve ir a plenário para ser votada em 1º turno nesta quinta-feira. Caso o ministro autorize a prorrogação do prazo por 120 dias, a adesão ao RRF será retirada de pauta “no mesmo dia ou no dia seguinte”, conforme também já garantiu o presidente da ALMG. 

A extensão do prazo é considerada fundamental para que a alternativa à adesão ao RRF apresentada por Pacheco seja analisada pela Fazenda. Em nota divulgada após a manifestação da AGU, o presidente do Congresso afirmou que, agora, aguarda “a decisão do ministro Kássio Nunes Marques sobre a prorrogação desse prazo, no sentido de permitir que uma alternativa seja discutida como solução do maior problema de Minas, e não o mero adiamento”.

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